terça-feira, 29 de dezembro de 2009

domingo, 27 de dezembro de 2009

sábado, 26 de dezembro de 2009

Colonialismo Moderno


O grupo económico português da Portucel-Soporcel está a ultimar negociações com o Governo moçambicano para adquirir 200 mil hectares de terrenos (equivalente à área de 200 mil estádios de futebol) para plantar eucaliptos, junto dos quais pretende construir uma fábrica de pasta de papel, informa o Público.

Recorde-se que, nos anos 80 do séc. XX , quando a consciência ambiental em Portugal era muito fraca - o que, em geral, se mantém, ainda hoje, com poucas e honrosas excepções - assistia-se à eucaliptação indiscriminada de vastas áreas do nosso litoral e de áreas serranas, reconversão esta que tinha por vezes lugar em áreas com espécies autóctones e ou consideradas importantes para a conservação da biodiversidade. Esta foi uma grande luta que, convém não esquecer, decorreu muitas vezes em sintonia com o sentir das populações locais que receavam as mudanças drásticas que estas florestações colocariam à sua região e ao seu modo de vida.

As múltiplas actividades que então decorreram tiveram alguns pontos altos nas acções directas no terreno levadas a cabo pela população e que envolveram acorrentamento de pessoas às máquinas, em Manhuncelos, concelho de Marco de Canaveses, em 1988, na Serra da Aboboreira, em Janeiro de 1989, em Valpaços, dois meses depois, ou ainda em Mértola, juntamente com a Associação de Defesa do Património de Mértola, no final desse ano. Em todas essas mobilizações, a Quercus de então, bastante diferente da que existe agora, teve um papel fundamental. Relembremos as formas como as acções se realizaram e o que aconteceu aos projectos que foram alvo destes protestos:

Na Aboboreira:
- ecologistas acorrentaram-se às máquinas que preparavam os terrenos;
- camponeses e aldeões da serra da Aboboreira (Aboboreira, Entaladouro, Várzea da Ovelha, etc.) juntaram-se e trouxeram centenas de cabeças de gado para a frente das máquinas;
- o projecto não avançou, tendo ficado eucaliptados apenas alguns hectares que não afectaram a actividade pastorícia (a principal causa que levou à mobilização dos camponeses). A causa provável foi a mediatização do caso, que levou a Soporcel a abandonar o projecto para evitar a deterioração da sua (já má) imagem.

Em Valpaços::
- população local e ecologistas fizeram uma acção directa onde arrancaram 3 mil pés de eucaliptos que tinham sido plantados;
- GNR tinha montado guarda na propriedade e atacou a população, a cavalo;
- GNR deteve um membro de uma cooperativa agrícola local;
- O projecto não avançou e na propriedade permaneceram apenas algumas pequenas manchas de eucaliptal.

Em Mértola::
- Ecologistas e membros da ADPM acorrentaram-se às máquinas que preparavam os terrenos na Herdade dos Cachopos (+1000 ha, a descer até ao Pulo do Lobo) para a plantação de eucaliptos;
- circulou um abaixo-assinado a contestar a plantação;
- A empresa responsável acabou por desistir do projecto. Ficaram algumas manchas de eucalipto, mas não muitas.
Fonte: http://pt.indymedia.org

Esta é a colonização do século XXI...exploração de países pobres, como se estes não tivessem já fome suficiente, o ideal é inutilizar terrenos para plantar eucaliptos (matéria prima do papel)....só prova que O CAPITALISMO É FOME!!!
Tudo isto com um argumento que criam postos de trabalho, e também criam fome e escassez de recursos para o povo local.
Só se continua a fabricar papel com eucaliptos porque é uma árvore barata, de fácil criação e que se adapta bem a diversos climas. De certeza que há alternativas menos prejudiciais aos terrenos, e de certeza que a empresa iria ganhar mais se ao destruir a terra das locais, investisse em estruturas que compensassem a miséria e a fome que os seus eucaliptos criaram.

Esta internacionalização não cria valor nenhum para o povo moçambicano, pelo menos da forma como está a ser negociada, ONDE ESTÁ A VOSSA CONSCIÊNCIA SOCIAL??
esta é a pergunta que fica para a Portucel e para o Governo Moçambicano

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Duas músicas de Natal!



25, ya es Navidad. Todos juntos vamos a brindar
Por Ruanda, Etiopa, en Venezuela o en la India
Hoy mueren nios, felz Navidad!
Navidades de hambre y dolor. Ha nacido el hijo de Dios
El Mesas que nos gua, ofrece su filosofa
Nadie entiende al hijo de Dios
Mi familia comienza a cantar , en el ambiente hay felicidad
En compaia vamos a olvidar la agona de los pueblos
Donde no hay Navidad
Cantemos hermanos todos juntos hacia el Vaticano
Suelta prenda. coo!, que mueren nios de inanicin
Un negocio millonario con la f de los cristianos
Que utilizan a Jesus como el perpetuo salvador
Jesucristo era un tio normal, pacifista, intelectual
Siempre al lado de los pobres defendiendo sus valores
Siempre en contra del capital
Crucificado como un animal, defendiendo un ideal
El abuso de riqueza se convierte en la miseria mas injusta de la humanidad
Mi familia comienza a cantar , en el ambiente hay felicidad
En compaia vamos a olvidar la agona de los pueblos
Donde no hay Navidad
Cantemos hermanos todos juntos hacia el Vaticano
Suelta prenda. coo!, que mueren nios de inanicin
Un negocio millonario con la f de los cristianos
Que utilizan a Jesus como el perpetuo salvador
Fue la iglesia la que se lo mont
Y de su muerte un negocio cre
El Vaticano es un imperio que devora con ingenio
Predicando por la caridad
25, ya es navidad .Todos juntos vamos a brindar
Por un revolucionario que intent cambiar el mundo
El primer Hippie de la humanidad
Mi familia comienza a cantar, en el ambiente hay felicidad
Em compaia vamos a olvidar la agona de los pueblos
Donde no hay Navidad
Cantemos hermanos todos juntos hacia el Vaticano
Suelta prenda. coo!, que mueren nios de inanicin
Un negocio millonario con la f de los cristianos
Que utilizan a Jesus como el perpetuo salvador
La navidad, la navidad, es la sociedad de consumo
Mentira, mentira, la Navidad es mentira..



Secuestrad a Gasta Claus
Aplastad a Gasta Claus
que le cuelguen alto de los huevos
Escupid a Gasta Claus
Patead a Gasta Claus
que le sodomicen bien sus renos
No, no, no lo envía dios, viene del corte inglés
no, no, no, no lo envía dios, viene del corte inglés, del corte inglés
Secuestrad a Gasta Claus ...
Solo soy un gordo bonachón
Son los niños mi gran vocación
Solo manipulo su ilusión
Corderitos, a pastar!
Corderitos, a gastar!
¡Felices Pascuas!
Melchor, Gaspar, Gasta Claus y Baltasar
prestadme vuestras barbas, necesito defecar
No hay papel a mano, ¿con qué me voy a limpiar?
barbas de nobleza, doble capa y suavidad
Oh, no! que desesperación, viene con éstos tres
no, no, no, no los envía dios, vienen del corte inglés, del corte inglés
Solo soy un gordo bonachón...
Secuestrad a Gasta Claus ...
Melchor, Gaspar, Gasta Claus y Baltasar



Bom Natal! AHAHAH


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Largo Camões: Concentração por uma Palestina livre

POR UMA PALESTINA LIVRE !
No ano passado, no dia 27 de Dezembro, foi o início de um massacre sem nome. Bombas do exército israelita choveram sobre a população de Gaza durante três semanas, dia e noite, sem possibilidade de abrigo nem de fuga. Bombas proibidas pela Convenção de Genebra, com urânio empobrecido ou com fósforo branco.
Esse ataque foi um episódio na longa séria de punições colectivas infligidas ao povo palestino, para o castigar por ter escolhido livremente o seu governo (Hamas) e para aceitar as exigências da potência ocupante. Há três anos que a Faixa de Gaza está submetida a um bloqueio total por parte de Israel.
A ‘comunidade internacional’, liderada pelo prémio Nobel da guerra, Obama, dá a Israel, que não passa do seu braço armado no Médio Oriente, todo o apoio financeiro, logístico e diplomático necessário para cumprir esta tarefa suja: dobrar o povo palestino que resiste e é um exemplo de resistência para todos os povos do mundo.
Sabemos muito bem o que valem os nossos governos e os palestinos só podem contar com a solidariedade das populações. Várias vezes, no mês de Janeiro de 2009, milhões de pessoas, no mundo inteiro, foram para a rua para manifestar a sua solidariedade e exigir o fim dos bombardeamentos. Ao longo do ano todo, várias tentativas foram feitas para acabar com o cerco israelita: barcos tentando furar o bloqueio, campo internacional na fronteira com o Egipto (Rafah), caravanas humanitárias, etc. Esta também a crescer a campanha internacional para boicotar Israel em todos os domínios, económico, obviamente, mas também politico, académico, artístico e desportivo.
No quadro dessa mobilização, nestes últimos dias de 2009, um ano depois do início do massacre, a sociedade civil organiza uma convergência de acções em Gaza. E no resto do mundo.
Aqui em Lisboa, houve hoje uma vigília em frente da embaixada israelita. E vamos nos juntar no centro da cidade no dia 30. Comparece para mostrar que a Palestina vive e tem que vencer.

EXIJAMOS O FIM DO CERCO DE GAZA

RESPEITO PELOS DIREITOS HUMANOS E PELA LEI INTERNACIONAL

PALESTINA LIVRE !

CONCENTRAÇÃO

LARGO DE CAMÕES QUARTA FEIRA

30 DEZEMBRO ÀS 16 HORAS
Retirado de:http://agitacao.wordpress.com/

SEMPRE CONTRA A REPRESSÃO!!
ANTIFA!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Aquecimento Global: Verdade ou Mentira Conveniente??




Contando com o testemunho de muitos cientistas e especialistas do clima (que aliás, têm crescido em número avassalador contra a "teoria oficial"), apresentam como factor principal, das alterações climáticas, as variações da actividade solar. Não se diga que isto é mais, ou é menos, verdadeiro, apenas é, no contexto da matéria, uma teoria que se contrapõe a outra, mas que, no seu total, também não esgota o assunto. Não se pode aceitar, e simplesmente dizer, que o "debate está concluído", porque em ciência o debate nunca está concluído, geralmente começam a aparecer perguntas que devem ser respondidas e, daí, começam a surgir novas problemáticas, derivadas dos novos conhecimentos adquiridos, que constituem novos pontos de partida, levando a novas reavaliações e novos paradigmas que, por fim, conduzem ao avanço das ciências, entre elas, as ciências climáticas. Primeiro que tudo, é muito importante considerar que a Terra não é o único planeta do nosso sistema solar, portanto, uma boa maneira de avaliar a verdadeira origem dos fenómenos climáticos pelos quais está a passar o nosso planeta (que efectivamente parece estar num um período de aquecimento) seria a "climatologia comparada", ou seja, comparar a evolução do nosso clima com a evolução dos climas de outros planetas e assim verificar-se-ia que, se os fenómenos climáticos fossem derivados de factores causais exclusivamente internos, as alterações ocorreriam apenas no nosso planeta, mas, se factores externos estivessem envolvidos na origem das alterações, esperar-se-ia que estas alterações também atingissem os demais planetas do sistema solar.

Analisemos os factos!

Muitos astrónomos (não confundir com aqueles que lêem a sina, estes são realmente cientistas) anunciam que Plutão tem experimentado, também, um aquecimento global e que se trata, ao que tudo indica de um fenómeno natural, tal como as variações das estações na Terra, que alteram as condições climáticas hemisféricas conforme a variação da inclinação em relação ao Sol. Em Maio de 2006, ocorreu em Júpiter uma tempestade, semelhante a um furacão, que causou uma alteração climática no planeta com um aumento de temperatura de 10 ºC. A National Geographic News publicou um relatório que afirma, que o aumento simultâneo das temperaturas na Terra e em Marte são um indicador de um fenómeno climático natural, ao invés do provocado pelo Homem. O relatório acrescenta que a NASA concluiu que os mantos de gelo de dióxido de carbono de Marte derreteram há poucos anos. Um observatório astronómico da Rússia declarou que "estas mudanças observadas em Marte são uma prova de que o aquecimento global terrestre pode estar a ser causado pelas alterações verificadas no Sol". Afirmou ainda que tanto Marte como a Terra, através das suas histórias, têm conhecido idades de gelo periódicas quando o clima muda de forma contínua.
A NASA tem observado também tempestades maciças em Saturno que indicam alterações do clima que estão a acontecer naquele planeta. O telescópio espacial Hubble, da NASA, tem registado alterações climáticas maciças em Tritão , o maior satélite lunar de Neptuno. Tritão, cuja superfície já foi constituída apenas por nitrogénio gelado, gira agora na sua órbita envolvido em gás, num indício claro de "aquecimento".
A Associated Press relatou que os satélites meteorológicos que medem a temperatura solar têm registado um aumento da temperatura, o que significa que a radiação solar está a aumentar. O London Telegraph noticiou em 2004 que o aquecimento global era devido ao aumento da temperatura do Sol, que está mais alta do que nunca desde há mil anos . A notícia referia que esta conclusão fora obtida em investigações conduzidas por cientistas alemães e suíços que afirmaram ser o aumento da radiação solar a causa das alterações climáticas.
Nigel Calder, ex-editor da revista New Scientist, escreveu um artigo no Sunday Times, do Reino Unido, em que afirma: "quando os políticos e os jornalistas declaram que a ciência do aquecimento global está estabelecida [definitivamente] mostram uma ignorância lamentável sobre como se aplica o método científico". Disse ainda que "há vinte anos que a investigação científica do clima se politizou a favor de uma hipótese particular". E, relativamente àqueles que a imprensa considera dissidentes da teoria oficial, Nigel disse: "Imagina-se que quem apresenta dúvidas acerca do aquecimento global deve estar a ser pago pelas companhias petrolíferas". E acrescentou: "O alarmismo do medo do aquecimento global promove cabeçalhos nas primeiras páginas dos jornais, sobre as ondas de calor, que têm origem diferente das do aquecimento global, e relega, para páginas interiores, dedicadas à economia, os milhões de dólares perdidos nas colheitas de Inverno da Califórnia devido à geada anormal".
Timothy Ball, Canadiano doutorado em Climatologia, escreveu recentemente um artigo onde se admira de ninguém dar atenção aos cientistas que afirmam que o aquecimento global NÃO É DEVIDO AO HOMEM. Começa por dizer "Acredite-se ou não, o aquecimento global não é devido à contribuição humana para a concentração atmosférica do dióxido de carbono. Estamos perante o maior erro da história da ciência". E continua "Desperdiçamos tempo, energia, e milhares de milhões de dólares e criamos medo e consternação desnecessários num tema sem justificação científica". Menciona os milhares de milhões gastos em propaganda pelo Departamento do Ambiente do Canadá que defende "uma posição científica indefensável, enquanto ao mesmo tempo fecha estações meteorológicas e, falha na legislação de medidas contra a poluição". Dr. Ball levanta ainda uma questão interessante que deveria ser levada em consideração, quando há cerca de 30 anos, nos anos 70, falava-se no "arrefecimento global", alarmava-se a todos com a implicação deste "arrefecimento global" nas nossas vidas, nas de outras espécies, e na própria sobrevivência do planeta, que estaria ameaçada. É interessante como se parece com o actual alarido dos políticos. Ball continua a explicar que as alterações climáticas ocorrem, como sempre ocorreram, devido (essencialmente) às variações da temperatura do Sol. Explica que estamos a sair ainda do que se convencionou chamar Pequena Idade do Gelo e que a história da Terra é fértil em alterações do clima. O que o clima faz actualmente é o que sempre fez; altera-se.
Não digo que não seja uma boa ideia tomar iniciativas para melhorar o ambiente.


Mas peço consideração para o seguinte: se, de facto, a maioria dos dados científicos aponta para o Sol como causa do aquecimento global, um imposto de emissões de carbono ajudará a travá-la? Como é que nós que conduzimos veículos (na Terra) somos capazes de provocar alterações climáticas em Marte, Júpiter, Plutão, Neptuno e Tritão?
E se a concentração do CO 2 atmosférico estiver a aumentar como RESULTADO do aumento da temperatura, e não o contrário, podemos nós resolver alguma coisa com o controle das taxas de emissões?
Alguns estudos, voltados para aplicações agrícolas, detectam um aumento da libertação de carbono dos solos, na forma de CO 2, nos períodos de maior insolação e consequente aumento da temperatura, através do se chama "respiração edáfica", dos microorganismos presentes, o que se traduz em "perda" de carbono orgânico e diminuição da fertilidade dessas áreas agrícolas, mas, aproveitando esse conhecimento, qual seria o efeito do "aquecimento global" como indutor de alterações nas concentrações de gases na atmosfera?.
Será que são essas alterações nos gases da atmosfera que proporcionam o "aquecimento global", ou é o próprio aquecimento quem condiciona essas alterações?
É inquietante que políticos armados em pseudo-cientistas estejam, de repente, tão ansiosos para se agarrar a esse mito do aquecimento global antropogénico, talvez com o objectivo, não de "salvar o planeta", mas sim de nos tornar "culpados" e receosos o bastante para desejarmos "a mudança" e abdicarmos da nossa liberdade, submetendo-nos docilmente a despesas financeiras maciças a fim de fazer o que eles pretendem. Deste modo, a mentira empurra-nos para a aceitação de mais gastos de dinheiro particular e público e para aceitarmos governos maiores e mais fortes.

É, na realidade, uma MENTIRA CONVENIENTE para aqueles que querem controlar as nossas vidas e o nosso dinheiro. No entanto, é uma mentira inconveniente para a quantidade maciça de povos que já estão sofrer os problemas de uma classe média em pleno desvanecimento.
Se os problemas que nos estão a ser apresentados são baseados em mentiras, então que esperança temos de encontrar uma solução verdadeira para ajudar o ambiente?...
Temos de ser realistas e maduros nos debates sobre os problemas que enfrentamos e então, somente então, podemos ter esperança de conseguir encontrar, de facto, qualquer solução que interesse a todos e venha a ajudar, efectivamente, na solução do problema em causa.


Em conclusão, é óbvio que temos que controlar a poluição que nós humanos somos causadores, mas não podemos deixar que 'outros' humanos nos controlem com a ideia que nós e não eles somos os responsáveis pelo 0'aquecimento' do planeta. Esses fascistas com 'consciência ambiental' apenas querem o nosso dinheiro e o controle. Por isso eu peço, não se entreguem a todas a teorias massificadas, assim como não se entreguem a minha. Pensem, procurem e RESISTAM!


ANTIFA SEMPRE!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Protesto contra os despejos e a repressão em Turim




Debaixo de muito frio, cerca de 1.500 pessoas participaram de uma manifestação contra os despejos e a repressão aos squatters nas ruas centrais de Turim neste sábado, 19 de dezembro. Um forte dispositivo policial, entre carabineiros, agentes da Digos e de outras forças da ordem, acompanhou o protesto.

Ao longo da passeata alguns manifestantes também atacaram câmeras de segurança e de tráfego, parquímetros, uma agência de trabalho temporário e algumas vitrines.

Os manifestantes carregavam diversos cartazes nos quais se lia os nomes de Carlo Giuliani, Sol e Baleno, Giuseppe Pinelli, Gabriele Sandri, Stefano Cucchi, faixas e uma escultura com a cara sangrando de Berlusconi.

Também foram feitas dezenas de pichações nas paredes contra a polícia, o prefeito de Turim Sergio Chiamparino e o ministro do Interior italiano, Roberto Maroni, contra a CIE [Centro de Identificação e Expulsão para imigrantes ilegais] e contra os despejos.
A manifestação terminou sem grandes incidentes, no lendário "Fenix", um dos primeiros squatter da cidade de Turim, de1980, símbolo da luta e da dinâmica das ocupações na cidade.

O chamado do protesto, sob o slogan ”Pela reapropriação e a defesa dos espaços autogestionados e a liberdade de todo/as”, dizia:

“Em resposta aos contínuos ataques institucionais e da mídia contra todas as realidades okupas, vamos às ruas para dizer "Basta!", para um regime cada vez mais opressivo e uma repressão cada vez mais generalizada, onde a democracia e a liberdade são traduzidas em CIEs e na militarização das cidades. A "segurança" que tanto invocam, cria um clima de terror, enquanto que as pessoas continuam a morrer: no trabalho, em uma chantagem social que nos restringe a sobrevivência; nas prisões pelas condições desumanas; na rua, nas mãos da polícia. Em nome do progresso e da economia, a nossa saúde é envenenada pelos mega-projetos industriais e nossa mente é manipulada pela mídia.”

Mais infos: http:/tuttosquat.net
Retirado de http://pt.indymedia.org

sábado, 19 de dezembro de 2009

Uma imagem vale mais que mil palavras....


Cartaz de uma campanha sobre a ejaculação prematura e impotência na Nova Zelândia. Tirem as vossas conclusões.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Em Portugal, a esquerda é o travão à violência

Especialistas prevêem mais contestação em 2010 devido à crise, mas afastam cenário de violência na rua.
Manifestações violentas na Grécia e na Letónia, raptos de empresários em França, perseguição aos imigrantes no Reino Unido - poderá a crise económica levar a uma escalada da tensão social violenta também em Portugal, onde o desemprego atinge o valor mais alto desde que há registos e a redução do défice público exige mais austeridade? Pouco provável, respondem sociólogos e historiadores, sobretudo devido a um factor que desafia a sabedoria convencional: os partidos de esquerda e as organizações sindicais, os promotores da luta social no país, são ao mesmo tempo o principal travão à escalada da confrontação social violenta em Portugal.

"A luta social no país é enquadrada e controlada por organizações que defendem radicalidade nas propostas e têm interesse em mostrar força, mas preferem não causar desordem", afirma ao i o historiador Rui Ramos, para quem o receio de violência social em 2010 é exagerado. "São organizações que defendem sobretudo o que existe, os direitos adquiridos, e que preferem acções legais 'policiadas' de perto pelas suas estruturas tradicionalmente muito organizadas".

O Bloco de Esquerda e, principalmente, o Partido Comunista Português - que controla a maior central sindical portuguesa, a CGTP - são forças políticas de protesto e mobilização social, mas que estão muito instaladas na máquina administrativa do Estado através dos sindicatos. Controlam professores (a Fenprof) e a generalidade dos funcionários públicos (a Frente Comum), num país em que "ao contrário do que se passa na Grécia ou no Reino Unido, há muito pouca multiplicidade de grupos radicais isolados e dispersos, fora da esfera dos interesses do Estado", realça Rui Ramos.

Nas acções de rua que chegam a juntar mais de 100 mil pessoas - como as manifestações de professores este ano e em 2008 - os sindicatos "estão atentos ao que se passa, para que nada que tenha a ver com violência radical se misture e distorça o objectivo", aponta Deolinda Machado, da CGTP. A intersindical trabalha de perto com as forças de segurança e a organização tenta filtrar e controlar as situações mais radicais. "É evidente que não podemos impedir tudo", aponta Machado. A hostilidade contra Vital Moreira, o principal candidato do PS às eleições europeias, foi um exemplo pontual de exageros em acções normalmente controladas.

A insatisfação não se transforma em violência - "que existiu, por exemplo, em 1975 à esquerda e à direita, afastando a imagem dos brandos costumes", lembra Rui Ramos -, sendo antes institucionalizada. "Os dois partidos de esquerda têm uma importância fundamental para canalizar politicamente as frustrações dos cidadãos perante a crise económica", aponta Boaventura Sousa Santos.

O sociólogo da Universidade de Coimbra admite ser difícil prever o que se vai passar em Portugal, mas afasta para já um cenário de violência. Além do papel dos sindicatos e partidos à esquerda, Sousa Santos destaca outro factor fundamental que trava sobretudo a mobilização dos jovens. "O que vai aguentando a sociedade portuguesa é a rede informal de ajuda da família: não é por acaso que Portugal tem o maior índice de país que pagam a primeira prestação da casa aos filhos", aponta. Esta rede, aliada à fragilidade laboral e à fraca politização dos jovens, tem desencorajado até agora a formação de um movimento estudantil forte à escala nacional.

Vem aí mais contestação
Mesmo sem violência e extremismo é certo que os protestos vão subir em tom e frequência em Portugal, à semelhança do que vai acontecendo na Europa. E aqui a esquerda já é motor. "Temos a esquerda mais expressiva e organizada da UE, com 20% dos votos, e há que não esquecer que no anterior governo tivemos as maiores manifestações desde o fim do PREC [1975]", sublinha o sociólogo Manuel Villaverde Cabral. "Com um peso destes, quando um governo se decidir a avançar com medidas austeras e necessárias, tal como na Grécia, haverá uma mobilização à qual a população irá aderir."
Retirado:http://www.ionline.pt/

O nosso estado actual já provou que com manifestações pacificas não chegamos a lado nenhum, não estou a dizer para sairmos à rua e partir tudo, mas se calhar se tivesse havido violência na manifestação dos professores (100mil pessoas) estes teriam atingido os objectivos da manifestação, teria sido um assunto prioritário em vez de uns cânticos de fundo que a ministra só ouve se lhe apetecer.

As pessoas são tratadas com desrespeito, discriminação, até já são educadas para estarem desinformadas sobre o que as rodeia, cada vez vivemos pior, mais desemprego, trabalhos precários, já nem quem tem cursos consegue emprego.....eles dão-nos tudo isto, e nós em manifestações damos-lhes cânticos pacíficos e bandeiras a chamar nomes aos ministros...isso é o que eles querem, temos que mostrar o poder que o povo tem que ter na sociedade.
ACORDA POVO!!!!!

Eles só são grandes porque vivemos de joelhos!

ANTIFA SEMPRE!!!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Repressão no COP15

Repressão policial nas manifestações de Copenhaga, mais uma vez se pergunta ONDE ESTÁ A LIBERDADE???
FOI POR ISTO QUE LUTÁMOS OU FOI APENAS O QUE CONSEGUIMOS????

All Cops Are Bastards!! ACAB!










ACAB!

Uma imagem vale mais do que mil palavras....


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Pensamento do dia


"Se não nos revoltamos, ou somos moralmente insensíveis ou criminosamente egoístas." Herbert Read

Princípio de Dilbert



O principio de Dilbert (bandas desenhadas que satirizam o mundo empresarial) diz que uma organização tende a promover os seus empregados menos competentes para a gestão (normalmente gestão intermédia) ,de forma a estes provocarem menos danos, talvez isto explique a mediocridade da sociedade em que vivemos.....

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vigília por Aminetu Haidar


Vigílias de solidariedade com Aminetu Haidar, activista sarauí em greve de fome. Coimbra: Segunda (14 Dezembro), 18h30 na Pç. República;
Lisboa: Terça (15 Dezembro), 18h30 no Lg. Jean Monet, à R. do Salitre;

Eles só são grandes porque vivemos de joelhos!!!

Para vencer basta levar a luta até ao fim!
ANTIFA SEMPRE!!!

[Dinamarca] Centenas de activistas são detidos em acção anticapitalista


Neste domingo (13), 260 activistas foram detidos quando se dirigiam ao porto da cidade em uma acção anti capitalista cujo objectivo era interromper a actividade comercial de grandes corporações poluentes. A mobilização foi convocada sob o lema "Hit the Production" (Ataquem a Produção).

Um grupo de aproximadamente 500 pessoas se reuniu no centro da cidade para depois se encaminharem para a área portuária. No entanto, um grande número de policias interrompeu a marcha pouco depois e prendeu vários participantes da manifestação.

Além de prender várias pessoas, inclusive jornalistas dos meios corporativos credenciados, a polícia esvaziou a carrinha de som que animava a mobilização e a levou embora. As autoridades também confiscaram a faixa principal do protesto com a inscrição "Ataquem a Produção".

Os manifestantes foram forçados a sentar-se no chão e algemados, permanecendo ali durante duas horas. A polícia pisou alguns activistas e usou cães para amedrontar as pessoas.

Os detidos foram para um “Guantánamo Climático” criado especialmente para os manifestantes da cúpula climática, em Retortvej, organizado em Valby, nas imediações de Copenhaga.

A polícia e a grande imprensa continuam, como de praxe, acusando grupos anarquistas de estarem na cidade para promover actos de violência durante a Conferência do Clima.

A maioria dos detidos ontem (12) já foram soltos.

Fotos: http://indymedia.dk/articles/1617

Vídeo: http://www.modkraft.dk/spip.php?article12204

agências de notícias anarquistas-ana

a tua paixão
me molha feito calor
do sol de verão

Cristina Saba

Fonte:http://pt.indymedia.org

PELA LIBERDADE!!!
ANTIFA SEMPRE

sábado, 12 de dezembro de 2009

Comunicado de Anarquistas de Atenas


Os últimos dias têm sido visto incríveis orgias da Junta militar na Grécia.

Exemplos:

1) Os policiais com armas de fogo nas manifestações;

2) Policiais em motocicletas fazendo incursões contra manifestantes;

3) Policiais seguindo manifestantes pacíficos nas ruas, detenções indiscriminadas e selvagens;

4) Encenações preparadas, como a suposta tentativa de assassinato contra o reitor do Pritanea;

5) Um grande número de acusações vagas e até mesmo criminosas para deter as pessoas jovens e adultas;

6) Fechamento de escolas sob o pretexto da gripe suína e espancamentos na surdina de estudantes que queriam chegar às suas escolas;

7) Secretas encapuzados seqüestrando jovens manifestantes;

8) Maior nível de colaboração entre os neo-nazistas da Golden Dawn e a polícia;

9) Reuniões secretas entre Chrysohoides [ministro para a "proteção dos cidadãos"] e os diretores de canais de televisão e jornalistas para decidir como apresentar a informação na TV;

10) Câmeras secretas escondidas e helicópteros sobrevoando constantemente;

11) Tolerância zero, uma laranja amarga, ou uma pedra arremesada em um banco tornou-se um crime grave e um pretexto para um ataque da polícia;

12) Proibição de manifestações e reuniões políticas nas áreas de maior movimento, com intimidação policial massiva e revoltantes filas de averiguação;

13) Ataques hackers contra o Indymedia, páginas de okupas e TVXS (TV Sem Fronteiras), eliminando comentários;

14) Invasão e detenção preventiva em muitos espaços autogeridos;

15) De um modo orwelliano, os anarquistas e os rebeldes são chamados de “fascistas e nazistas!”;

16) Eliminação do direito de asilo acadêmica, como uma Junta militar.

E muito mais!

Algumas dessas coisas aconteceram de forma isolada, e algumas ocorreram apenas durante a Junta Militar dos Coronéis (1967-1974), enquanto que outras nunca tinham acontecido antes, só agora. Nunca tinha passado todas juntas em tão curto espaço de tempo!

Parece que o choque que aconteceu aqui, e que eles escondem, tal como o indomável dezembro, tem o poder de ativar um plano de emergência, um novo “molde de gesso” [repetindo o pronunciamento da Junta em 1967].

Esses momentos são mais do que histórico. Estamos assistindo, pela primeira vez desde 1967, uma tentativa de impor um golpe de estado da polícia fascista. Se numa “democracia parlamentar” são capazes de cometer tais crimes, essa Junta é um pouco diferente, e nós todos temos que começar a entender. Os lemas anarquistas nas ruas estão começando a dizer sem rodeios: “Abaixo a Junta.”

Há cumplicidade dos procuradores, dos reitores, das classes mais altas, da mídia burguesa e da polícia, e ainda não sabemos que outras forças locais e estrangeiras foram recrutadas. Ouvimos falar de pessoas desaparecidas. O clima é tão duro como durante a Junta.

Este não é o momento de ficar calado! Essa não é hora de relaxar!

Todos nas ruas – Sentadas em todas as partes!

Por favor, ajude a derrubar a Junta militar grega!

O regime está pelas vias de 1967!

Despertemos!
Retirado de http://agitacao.wordpress.com/

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Prémio Coragem

Carta Aberta de Aminetu Haidar à Sociedade Espanhola e ao Mundo


“Hoje dia 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Nestes momentos em que se comemora um dia sagrado para a Humanidade, um dia de ideais e de princípios que garantem os direitos básicos; eu, que sou uma defensora dos Direitos Humanos, estou em greve de fome desde há 25 dias por causa da injustiça e da falta de respeito pelo Direitos Humanos.
Hoje, depois da expulsão ilegal da minha terra pelas autoridades marroquinas, depois de ser retida ilegalmente neste aeroporto de Lanzarote pelo Governo espanhol e de ser separada dos meus filhos contra a minha vontade, sinto, mais que nunca, a dor das famílias saharauis separadas desde há 35 anos por um muro de mais de 2.600 quilómetros.

Hoje, como todos os dias, sofro de pensar nos meus companheiros encarcerados, sofro de pensar nos sete activistas de Direitos Humanos que, por decisão arbitrária do governo marroquino, irão comparecer ante um tribunal militar e estão ameaçados com a pena de morte. Penso também na população saharaui, oprimida e reprimida diariamente pela polícia marroquina no Sahara Ocidental. E penso no seu futuro.
Neste Dia Internacional dos Direitos Humanos felicito todas as pessoas livres que defendem os direitos elementares e que se sacrificam para conseguir a paz no mundo; e, ao mesmo tempo, lanço um apelo urgente para a protecção dos direitos do meu povo, o povo saharaui.

Hoje é também um bom dia para a esperança, um dia que aproveito para pedir ao mundo e em especial a todas as mães, que apoiem a minha reivindicação, que é o regresso ao Sahara Ocidental. Desejo abraçar os meus filhos, desejo viver com eles e com a minha mãe, mas com dignidade.
Hoje quero agradecer à sociedade espanhola a sua solidariedade e contínua defesa dos direitos legítimos do povo saharaui e, também, a sua solidariedade comigo nestes duros momentos.“

Informação distribuída pela Associação de Amizade Portugal – Sahara Ocidental

Julgamento dos detidos no 25 de Abril de 2007

O julgamento dos detidos na manifestação anti-autoritária de 25 de Abril de 2007 teve início a 8 de Dezembro; contudo, devido a uma falha por parte do tribunal nas notificações de arguidos, a 1ª sessão foi imediatamente adiada para dia 22 de Janeiro de 2009.

Num complexo de edifícios onde vidas são decididas, inserido num complexo comercial, inserido num complexo habitacional de ricos, por alguma razão desconhecida, o Campus de Justiça de Lisboa estava literalmente ocupado pela polícia, com várias dezenas de agentes do Corpo de Intervenção e do SIR a cercarem, principalmente, o edifício B (o dos juízos criminais), e alguns agentes à civil a vaguear por ali.

Na verdade, o único exemplo de vida naquela zona eram os 20 companheiros que ali se juntaram e gritavam e assobiavam e mostravam uma faixa onde se lia "hoje como ontem, continuamos na rua".
Retirado de: http://redelibertaria.blogspot.com

Pensamento do dia




"Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.”


Sigmund Freud

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"La Passionaria"


Faz hoje anos que nasceu Isidora Dolores Ibárruri Gómez (9 de dezembro de 1895 em Gallarta e faleceu em Madrid em 1989),ficou também conhecida como "La Pasionaria". Esta mulher distinguiu-se pela sua luta contra o franquismo, pelos ideais libertários e antifascistas.

Ficou famosa com um discurso na Rádio Republicana de Madrid, quando estourou a Guerra Civil Espanhola. "É melhor morrer em pé, que viver de joelhos. Eles(os franquistas) não passarão!"

E por isso merece a nossa homenagem!

"Aún hoy sus ideas, su afán de lucha y su entrega e incansable aliento siguen vigentes casi cien años de una gran mujer que siempre lucho por y para el pueblo."

Decir Dolores es decir Camino,
Decir Dolores es decir Palabras,
Decir Dolores es decir Corazón,
Decir Dolores es decir Ternura,
Decir Dolores es decir Mujer,
Decir dolores es decir Ejemplo,
Decir Dolores IBARRURI Es DECIR PUEBLO.

Siempre permanecerá viva en el tiempo...


ANTIFA SEMPRE!!
A REVOLUÇÃO COMEÇA DENTRO DE NÓS!!

Tertúlia de Medina Carreira

Medina Carreira entende que o Programa Novas Oportunidades é uma «trafulhice» e uma «aldrabice» e que a educação é uma «miséria». Numa tertúlia, o ex-ministro considerou ainda que o Parlamento «vale tanto como a Assembleia Nacional de Salazar».
Medina Carreira considerou, na terça-feira à noite, numa tertúlia no Casino da Figueira da Foz, o Programa Novas Oportunidades como uma «trafulhice» e uma «aldrabice» e a educação em Portugal como uma «miséria».
O antigo ministro das Finanças entende ainda que as escolas produzem «analfabetos» e que os alunos que participam no programa Novas Oportunidades «fazem um papel, entregam ao professor e vão-se embora».

«E ao fim do ano, entregam-lhe um papel a dizer que têm o nono ano. Isto é tudo uma mentira, enquanto formos governados por mentirosos e incompetentes este país não tem solução», acrescentou.

Sobre os alunos, Medina Carreira entende que estes «não sabem coisa nenhuma». «O que é que vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa fandanga», sublinhou.
Já no que toca à avaliação dos professores, o ex-ministro considerou-a uma «burrice», pois perguntou «se você não avalia os alunos, como vai avaliar os professores?».
Apesar disto, admitiu que esta avaliação será possível se houver «disciplina nas aulas, o professor tiver autoridade, programas feitos por gente inteligente e manuais capazes».

Nesta tertúlia, Medina Carreira falou ainda sobre o Parlamento para dizer que este «vale tanto como a Assembleia Nacional de Salazar», uma vez que os deputados «não valem nada, não têm voz activa».
«Salazar dizia 'ninguém mia' e ninguém miava. Agora é um fingimento, quem está na Assembleia são tipos escolhidos pelo chefe do partido, se miam não entram na legislatura seguinte e como vivem daquilo têm de não miar», explicou.
Numa Assembleia da República onde a «mistificação» era «igual» ao tempo de Salazar, mas «mais autêntica, segundo Medina Carreira, os actuais deputados são «obedientes» e «escravozitos que andam por ali na mão dos chefes partidários».

«O Alegre falou, correram com ele, ao Manuel Maria Carrilho deram-lhe um lugar bom em Paris, o Cravinho começou a mexer na corrupção deram-lhe um lugar em Londres. E aqueles outros que não podem ir para Londres nem para Paris, calam-se», explicou.
O antigo titular da pasta das Finanças considerou ainda que a Assembleia da República é «um sistema de saco de gatos». «O partido mete lá 20 pândegos. Contaram-se os votos, saem cinco e o senhor foi um dos cinco que saiu», concluiu.
Fonte:www.tsf.sapo.pt

sábado, 5 de dezembro de 2009

Manifestação Antifascista em Madrid (20 de Novembro de 2009)

Artigo de Pedro Filipe Soares

O FMI traçou uma rota de salvação para o nosso país. No caminho para 2013, ano em que o défice português deveria andar pelos três por cento, diz-nos o FMI que as paragens devem ser feitas na contenção de gastos com subsídio de desemprego (logo agora que chegamos aos 10,2% de desempregados?!) e saúde, e na redução dos gastos na função pública, nomeadamente ao nível do "ajustamento dos salários" - um eufemismo para congelamento de salários. Dizem eles que a medida da função pública seria importante, também, para sinalizar a importância da contenção salarial do sector privado. Uma nova versão do apertar do cinto e, novamente, para os mesmos de sempre.

Serão estas medidas suficientes para o auspicioso objectivo do défice a três por cento?! O FMI não nos dá garantias, mas, para que não nos falte mesmo nada, apresentam-nos já um plano B: o aumento do IVA.

Assistimos, assim, às receitas de sempre, um remake de um filme já gasto e cujo final é tudo menos sorridente. Pelo menos, para a grande maioria dos portugueses.

Curiosamente, este anúncio do FMI teve lugar no mesmo dia em que o Bloco de Esquerda lançou na Assembleia da República o mais desafiador de todos os debates da presente legislatura e cujos resultados podem traçar novos argumentos para a gestão do défice e para a construção de uma sociedade mais justa.

As propostas que o Bloco de Esquerda levou à discussão visam, tão só, defender práticas que já existem noutros países e que são bons exemplos do combate à fraude e à evasão fiscal. A mais relevante, entre elas, obviamente a do levantamento do sigilo bancário.

Perante a dita inevitabilidade do corte na despesa - que será sempre a resposta neoliberal até que já nada mais reste para cortar - o que hoje o Bloco de Esquerda apresentou foram soluções para aumentar a receita do Estado. E isto sem aumentos de impostos e sem exigir mais sacrifícios aos portugueses. Trata-se, apenas, de ir buscar o que deveria ser de todos e de combater o que nos vai saindo muito caro.

Este ano saíram mais de 7 mil milhões de euros de Portugal para offshores, o equivalente ao montante anual pago por todos os contribuintes, dinheiro que deveria ser fiscalizado. Contudo, o FMI diz-nos que o que devemos fazer é congelar salários, diminuir despesas... Já dizia José Mario Branco, "Não há ronha que envergonhe o FMI".
Pedro Filipe Soares (Deputado do Bloco de Esquerda)

O FMI deveria ter por objectivo apresentar soluções viáveis para os países saírem da crise, e as soluções que apresenta para Portugal são o congelamento dos aumentos salariais e a redução do subsidio de desemprego. Com certeza que os senhores do FMI têm plena noção que temos mais de 10% de desempregados, e uma taxa de pobreza digna de um país subdesenvolvido....Mas esperem que isto não acaba por aqui, os brilhantes cérebros do FMI têm um plano B, caso a redução do subsidio de desemprego e o congelamento salarial não seja solução (só eles é que não percebem que nunca foi), podemos aumentar o IVA...tem graça porque em Portugal este imposto situa-se nos 20%, estamos portanto na média europeia, mas Portugal situa-se acima da média europeia em taxa de desemprego, pobreza,abandono escolar...Isto quer dizer que já pagamos um IVA que não corresponde às realidades sociais vividas pelos portugueses.
Ministros portugueses:
Não somos nós que pagamos pouco IVA,vocês é que o aplicam mal!
Não são os trabalhadores que ganham a mais e têm que congelar salários, vocês é que ganham acima das nossas possibilidades!

Tem graça que para Portugal o FMI não apresentou nenhuma medida que fale em acabar com a corrupção, mesmo depois de todos os escândalos a que assistimos ultimamente...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Obama = Bush



Ao fim de pouco mais de 1 ano de mandato, percebe-se que Barack Obama não difere em nada de George W. Bush. Tomou algumas medidas ditas 'polémicas' para distrair a multidão sedenta de mudança, mas no fundo mantêm-se tudo na mesma. Seguem-se algumas citações de discursos de ambos para verem as diferenças entre os dois.

















Como dá para perceber ambos são apologistas da única coisa que faz andar a máquina americana, GUERRA! Portanto a única forma que sobra ao povo norte americano para se soltar desta prisão bélica é a REVOLTA!
ANTIFA!

Carta Aberta de Michael Moore ao Presidente Obama

Dear President Obama,

Do you really want to be the new "war president"? If you go to West Point tomorrow night (Tuesday, 8pm) and announce that you are increasing, rather than withdrawing, the troops in Afghanistan, you are the new war president. Pure and simple. And with that you will do the worst possible thing you could do -- destroy the hopes and dreams so many millions have placed in you. With just one speech tomorrow night you will turn a multitude of young people who were the backbone of your campaign into disillusioned cynics. You will teach them what they've always heard is true -- that all politicians are alike. I simply can't believe you're about to do what they say you are going to do. Please say it isn't so.

It is not your job to do what the generals tell you to do. We are a civilian-run government. WE tell the Joint Chiefs what to do, not the other way around. That's the way General Washington insisted it must be. That's what President Truman told General MacArthur when MacArthur wanted to invade China. "You're fired!," said Truman, and that was that. And you should have fired Gen. McChrystal when he went to the press to preempt you, telling the press what YOU had to do. Let me be blunt: We love our kids in the armed services, but we f*#&in' hate these generals, from Westmoreland in Vietnam to, yes, even Colin Powell for lying to the UN with his made-up drawings of WMD (he has since sought redemption).
So now you feel backed into a corner. 30 years ago this past Thursday (Thanksgiving) the Soviet generals had a cool idea -- "Let's invade Afghanistan!" Well, that turned out to be the final nail in the USSR coffin.

There's a reason they don't call Afghanistan the "Garden State" (though they probably should, seeing how the corrupt President Karzai, whom we back, has his brother in the heroin trade raising poppies). Afghanistan's nickname is the "Graveyard of Empires." If you don't believe it, give the British a call. I'd have you call Genghis Khan but I lost his number. I do have Gorbachev's number though. It's + 41 22 789 1662. I'm sure he could give you an earful about the historic blunder you're about to commit.

With our economic collapse still in full swing and our precious young men and women being sacrificed on the altar of arrogance and greed, the breakdown of this great civilization we call America will head, full throttle, into oblivion if you become the "war president." Empires never think the end is near, until the end is here. Empires think that more evil will force the heathens to toe the line -- and yet it never works. The heathens usually tear them to shreds.

Choose carefully, President Obama. You of all people know that it doesn't have to be this way.

You still have a few hours to listen to your heart, and your own clear thinking. You know that nothing good can come from sending more troops halfway around the world to a place neither you nor they understand, to achieve an objective that neither you nor they understand, in a country that does not want us there. You can feel it in your bones.
I know you know that there are LESS than a hundred al-Qaeda left in Afghanistan! A hundred thousand troops trying to crush a hundred guys living in caves? Are you serious? Have you drunk Bush's Kool-Aid? I refuse to believe it.

Your potential decision to expand the war (while saying that you're doing it so you can "end the war") will do more to set your legacy in stone than any of the great things you've said and done in your first year. One more throwing a bone from you to the Republicans and the coalition of the hopeful and the hopeless may be gone -- and this nation will be back in the hands of the haters quicker than you can shout "tea bag!"

Choose carefully, Mr. President. Your corporate backers are going to abandon you as soon as it is clear you are a one-term president and that the nation will be safely back in the hands of the usual idiots who do their bidding. That could be Wednesday morning.
We the people still love you. We the people still have a sliver of hope. But we the people can't take it anymore. We can't take your caving in, over and over, when we elected you by a big, wide margin of millions to get in there and get the job done. What part of "landslide victory" don't you understand?

Don't be deceived into thinking that sending a few more troops into Afghanistan will make a difference, or earn you the respect of the haters. They will not stop until this country is torn asunder and every last dollar is extracted from the poor and soon-to-be poor. You could send a million troops over there and the crazy Right still wouldn't be happy. You would still be the victim of their incessant venom on hate radio and television because no matter what you do, you can't change the one thing about yourself that sends them over the edge.
The haters were not the ones who elected you, and they can't be won over by abandoning the rest of us.

President Obama, it's time to come home. Ask your neighbors in Chicago and the parents of the young men and women doing the fighting and dying if they want more billions and more troops sent to Afghanistan. Do you think they will say, "No, we don't need health care, we don't need jobs, we don't need homes. You go on ahead, Mr. President, and send our wealth and our sons and daughters overseas, 'cause we don't need them, either."

What would Martin Luther King, Jr. do? What would your grandmother do? Not send more poor people to kill other poor people who pose no threat to them, that's what they'd do. Not spend billions and trillions to wage war while American children are sleeping on the streets and standing in bread lines.

All of us that voted and prayed for you and cried the night of your victory have endured an Orwellian hell of eight years of crimes committed in our name: torture, rendition, suspension of the bill of rights, invading nations who had not attacked us, blowing up neighborhoods that Saddam "might" be in (but never was), slaughtering wedding parties in Afghanistan. We watched as hundreds of thousands of Iraqi civilians were slaughtered and tens of thousands of our brave young men and women were killed, maimed, or endured mental anguish -- the full terror of which we scarcely know.

When we elected you we didn't expect miracles. We didn't even expect much change. But we expected some. We thought you would stop the madness. Stop the killing. Stop the insane idea that men with guns can reorganize a nation that doesn't even function as a nation and never, ever has.

Stop, stop, stop! For the sake of the lives of young Americans and Afghan civilians, stop. For the sake of your presidency, hope, and the future of our nation, stop. For God's sake, stop.
Tonight we still have hope.

Tomorrow, we shall see. The ball is in your court. You DON'T have to do this. You can be a profile in courage. You can be your mother's son.
We're counting on you.
Yours,Michael Moore



P.S. There's still time to have your voice heard. Call the White House at 202-456-1111 or email the President.


Fonte - http://michaelmoore.com

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Acção do Greenpeace na Torre de Belém



Foi mais uma acção do Greenpeace, na luta para que Copenhaga possa contribuir efectivamente para a melhoria dos problemas climáticos.
Após esta acção a polícia retirou todas as faixas e foram detidos os intervenientes.

Como se pode ver no seguinte filme:

http://www.youtube.com/watch?v=BPV0xEjYJcE&feature=channel

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Suiços banem minaretes das mesquitas do país

57,5% dos eleitores votaram a favor da proibição de construir minaretes nas mesquitas islâmicas da confederação helvética. Isto apesar de, num total de 150 edifícios, apenas quatro terem minaretes. Parceiro do Governo, Verdes e Amnistia Internacional criticam resultado do referendo, convocado pelo Partido Popular Suíço, formação de direita, maioritária no Parlamento

Os muçulmanos suíços estão proibidos de construir minaretes nas suas mesquitas, depois de a maioria dos eleitores helvéticos terem aprovado no referendo de ontem a interdição daquele símbolo islâmico.

A decisão, surpreendente tendo em conta os resultados previstos pelas sondagens, não abrange, no entanto, os quatro minaretes que existem actualmente na Suíça, em Zurique, Olten, Genebra e Winterthur.

57,5% dos eleitores suíços, 1,53 milhões de pessoas, aprovaram a proibição da construção de minaretes no país, numa consulta popular promovida pelo Partido Popular Suíço. A formação da direita conservadora que domina o Parlamen- to teve, para isso, que conse- guir reunir cem mil assinaturas.

Apesar de criticar a iniciativa, o Governo federal indicou, num comunicado de imprensa, "que respeita esta decisão e, em consequência disso, a construção de minaretes deixa de ser permitida na Suíça".

Nenhum dos quatro minaretes já existentes é usado para chamar os fiéis para as orações do dia, até porque isso já era proibido por lei. Mas nem isso fez recuar os conservadores, que apelidam os minaretes de "símbolo político-religioso".

Eveline Widmer-Schlumpf, ministra da Justiça suíça, considerou que o resultado do referendo de ontem reflecte um certo receio em relação ao fundamentalismo islâmico.

"Essas preocupações têm que ser levadas em conta. O Governo considera, porém, que banir a construção de novos minaretes não é um meio fiável para contrariar o extremismo", disse a governante, citada pela BBC, tentando tranquilizar a comunidade muçulmana.

A Suíça conta com quase meio milhão de seguidores da religião islâmica, na maioria oriundos de países dos Balcãs, da Turquia e do Norte de África.

A Amnistia Internacional suíça declarou-se consternada com a interdição dos minaretes. "A proibição total de construir minaretes representa uma violação da liberdade de religião, incompatível com as convenções assinadas pelo país", alertou Daniel Bolomey, secretário--geral da organização.

"Os defensores da iniciativa conseguiram explorar os medos em relação ao islão e trazer à superfície sentimentos xenófobos, isso é lamentável", acrescentou, numa altura em que os Verdes já anunciaram a intenção de recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. E várias centenas de pessoas protestaram contra a decisão em várias partes da Suíça.

No referendo apenas quatro dos 26 cantões votaram contra a proibição: Basileia-Cidade, Genebra, Vaud e Neuchâtel. Este é mais um episódio de tensão com minorias muçulmanos, a acrescentar às polémicas já existentes em países europeus como por exemplo França, Reino Unido, Holanda, Espanha, Itália, Alemanha, Dinamarca.

Fonte: Diário de Notícias

Concerto contra o despejo do CCL


O Centro de Cultura Libertária, espaço anarquista existente há 35 anos em Cacilhas, encontra-se ameaçado de despejo pelo proprietário. Após sentença do Tribunal de Almada, emitida no dia 2 de Novembro de 2009, foram dados 20 dias ao CCL para abandonar as suas instalações. O Centro de Cultura Libertária recorreu desta decisão do Tribunal, no passado dia 19 de Novembro, suspendendo a ordem de despejo.

Agora, aguarda-se a decisão do Tribunal sobre o recurso, que pode anular a decisão de despejo, levar a um novo julgamento ou reiterar a sentença já emitida. Não se pode prever qual será a decisão ou quanto tempo esta levará a ser tomada. Sabemos apenas que, caso o recurso seja recusado, teremos dez dias apenas para abandonar o espaço do CCL.

O Centro de Cultura Libertária vive momentos de absoluta incerteza quanto ao seu futuro. Mas uma coisa é certa: faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para dar continuidade ao CCL e para manter o espaço que este ocupa há 35 anos. Para tal precisamos da solidariedade de todos os que se revêem no CCL.

Para já o apoio monetário continua a ser muito importante, já que suportamos custos muito elevados para uma associação que vive apenas das contribuições dos seus associados e simpatizantes. O recurso custou-nos 2.000 euros em honorários do advogado e mais 75 euros da “taxa de justiça”. Em caso de perda do recurso, poderemos ter de pagar as custas judiciais. A salvaguarda do espólio do CCL, em caso de despejo, dará certamente lugar a novas despesas.

A motivação do proprietário do prédio é clara: despejar uma associação que paga uma renda mensal baixa (51 euros) e cujo contrato só pode ser rescindido através de uma acção de despejo, abrindo assim o caminho à rentabilização do espaço.
O papel do tribunal também é claro: defender o interesse dos proprietários e a propriedade privada, alicerces essenciais deste sistema baseado na desigualdade e na exploração.

Actualmente, o CCL é um dos raros locais anarquistas que se mantém em Portugal, único pela sua longevidade e pelo papel de preservação da memória histórica libertária que desempenha, mas também pela ligação afectiva que gerou em várias gerações de anarquistas, que nele encontraram um espaço de aprendizagem, de experimentação e divulgação das suas ideias.

O Centro de Cultura Libertária encarregar-se-á de agir a nível local, procurando a todo o momento, divulgar e estimular a revolta contra uma situação da qual não somos os únicos alvos. Encorajamos todas as formas de solidariedade dos companheiros que desejem potenciar a nossa luta noutros lugares.

Saúde e Anarquia!

Centro de Cultura Libertária
23 de Novembro de 2009
Retirado de http://culturalibertaria.blogspot.com/

sábado, 28 de novembro de 2009

Fujam!! Os ateus são o bicho papão.....

Após recentemente ter sido apelidado de “comunista de merda”, ontem fui brindado com mais um nome bonito, “ateu ignóbil”. Bem foi mesmo boneco fascizoide que me baptizou das duas vezes, mas se da primeira ainda lhe sacudi um pouco a coluna para ver se as vértebras iam ao sitio, desta vez apenas lhe dei desprezo. Tenho é a certeza que ele neste momento está a ler o dicionário de Língua Portuguesa para saber o que quer dizer ignóbil. Deve ser a palavra da semana lá no culto de adoração Salazarista onde lhe formatam o cérebro. Posto isto vamos lá analisar afinal o quer dizer ‘ateu’, segundo o dicionário da Língua Portuguesa : def: Aquele que não crê na existência de Deus; descrente; ímpio. Bem acho que não há definição mais simples e mais verdadeira. Mas porque raio os ateus são tão discriminados por esse mundo fora? Passemos a analisar. Várias pesquisas indicam que o termo “ateísmo” tornou-se tão estigmatizado no mundo e principalmente nos EUA que ser ateu virou um total impedimento para uma carreira política (de um jeito que ser negro, muçulmano ou homossexual não é). De acordo com uma pesquisa recente, apenas 37% dos americanos votariam num ateu qualificado para o cargo de presidente.
Ateus geralmente são tidos como intolerantes, imorais, deprimidos, cegos para a beleza da natureza e dogmaticamente fechados para a evidência do sobrenatural.
Até mesmo algumas ‘mentes brilhantes’ deste mundo, defendem que o ateísmo “não deveria ser tolerado” porque, dizem eles, “as promessas, os pactos e os juramentos, que são os vínculos da sociedade humana, para um ateu não podem ter segurança ou santidade.”
Fantástico, vamos chamar intolerantes aqueles que usam o cérebro para pensar e não para absorver a propaganda que eles vomitam. Nos Estados Unidos ( a terra ‘livre’ mais intolerante de todas) uns impressionantes 87% da população alegam “nunca duvidar” da existência de Deus e menos de 10% identificam-se como ateus (e as suas reputações estão a ser destruídas).
Tendo em vista que sabemos que os ateus figuram entre as pessoas mais inteligentes e cientificamente alfabetizadas em qualquer sociedade, é importante derrubarmos os mitos que os impedem de participar mais activamente do nosso discurso nacional. Sendo os mitos mais conhecidos os seguintes.

Os ateus acreditam que a vida não tem sentido. Pelo contrário: são os religiosos que se preocupam frequentemente com a falta de sentido na vida e imaginam que ela só pode ser redimida pela promessa da felicidade eterna além da vida. Ateus tendem a ser bastante seguros quanto ao valor da vida. A vida é imbuída de sentido ao ser vivida de modo real e completo. As nossas relações com aqueles que amamos têm sentido agora, não precisam durar para sempre para tê-lo. Ateus tendem a achar que este medo da insignificância é... bem... insignificante.
Os ateus são responsáveis pelos maiores crimes da história da humanidade. Pessoas de fé geralmente alegam que os crimes de Hitler, Estaline, Mussolini e outros foram produtos inevitáveis da descrença. O problema com o fascismo e o comunismo, não era que eles eram demasiado críticos da religião, o problema é que eles eram muito parecidos com religiões. Tais regimes eram dogmáticos ao extremo e geralmente originam cultos a personalidades que são indistinguíveis da adoração religiosa. Os campos de concentração e os campos de extermínio não são exemplos do que acontece quando humanos rejeitam os dogmas religiosos, são exemplos de dogmas políticos, raciais e nacionalistas à solta. Não houve nenhuma sociedade na história humana que tenha sofrido porque seu povo ficou racional demais.

Os ateus são dogmáticos. Judeus, cristãos e muçulmanos afirmam que suas escrituras eram tão prescientes das necessidades humanas que só poderiam ter sido registradas sob orientação de uma divindade onisciente. Um ateu é simplesmente uma pessoa que considerou esta afirmação, leu os livros e descobriu que ela é ridícula. Não é preciso ter fé ou ser dogmático para rejeitar crenças religiosas infundadas. Como disse o Stephen Henry Roberts uma vez: “Afirmo que ambos somos ateus. Apenas acredito num deus a menos que você. Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses possíveis, entenderá por que rejeito o seu”.

Os ateus acham que tudo no universo surgiu por acaso. Ninguém sabe como ou por que o universo surgiu. Aliás, não está inteiramente claro se nós podemos falar coerentemente sobre o “começo” ou “criação” do universo, pois essas ideias invocam o conceito de tempo, e estamos a falar sobre o surgimento do próprio espaço-tempo. A noção de que os ateus acreditam que tudo tenha surgido por acaso é também usada como crítica à teoria da evolução darwiniana, isto representa uma grande falta de entendimento da teoria evolutiva. Apesar de não sabermos precisamente como os processos químicos da Terra originaram a biologia, sabemos que a diversidade e a complexidade que vemos no mundo vivo não é um produto do mero acaso. Evolução é a combinação de mutações aleatórias e da selecção natural. Darwin chegou ao termo “selecção natural” em analogia ao termo “selecção artificial” usadas por criadores de gado. Em ambos os casos, selecção demonstra um efeito altamente não-aleatório no desenvolvimento de quaisquer espécies.

O ateísmo não tem ligação com a ciência. Apesar de ser possível ser um cientista e ainda acreditar em Deus (alguns cientistas parecem conseguir), não há dúvida alguma de que um envolvimento com o pensamento científico tende a corroer, e não a sustentar, a fé. Observando a população americana: A maioria das pesquisas mostra que cerca de 90% do público geral acreditam num Deus pessoal, no entanto, 93% dos membros da Academia Nacional de Ciências não acreditam. Isto sugere que há poucos modos de pensamento menos apropriados para a fé religiosa do que para a ciência.

Os ateus são arrogantes. Quando os cientistas não sabem alguma coisa (como por exemplo a criação do universo ou como a primeira molécula se formou), eles admitem. Na ciência, fingir saber coisas que não se sabe é uma falha muito grave. Mas isso é o sangue vital da religião. Uma das ironias monumentais do discurso religioso pode ser encontrado com frequência no facto de como as pessoas de fé se vangloriam sobre sua humildade, enquanto alegam saber de factos sobre astronomia, química e biologia que nenhum cientista conhece. Quando consideram questões sobre a natureza do cosmos, ateus tendem a basear as suas opiniões na ciência. Isso não é arrogância. É honestidade intelectual.

Os ateus não têm espirtualidade. Nada impede um ateu de experimentar o amor, o êxtase, e o temor, os ateus podem valorizar estas experiências regularmente. O que os ateus não fazem é afirmações injustificadas (e injustificáveis) sobre a natureza da realidade com base em tais experiências. Não há dúvida de que alguns cristãos mudaram suas vidas para melhor ao ler a Bíblia e a rezar. E isso prova o que? Que certas disciplinas de atenção e códigos de conduta podem ter um efeito profundo na mente humana. Será que essas experiências provam que Jesus é o único salvador da humanidade? A resposta correcta é: NÃO, até porque hindus, budistas e muçulmanos têm experiências similares regularmente. Não há, na verdade, um único cristão na Terra que possa adirmar com certeza de que Jesus usava barba, muito menos que ele nasceu de uma virgem ou ressuscitou dos mortos. Este não é o tipo de alegação que experiências espirituais possam provar.


Os ateus acreditam que não há nada para além da vida e do conhecimento humano. Os ateus são livres para admitir os limites do conhecimento humano de uma maneira que os religiosos não podem. É óbvio que nós não entendemos completamente o universo, mas é ainda mais óbvio que nem a Bíblia nem o Corão demonstram melhor conhecimento dele. Nós não sabemos se há vida complexa noutro lugar do cosmos, mas pode haver. E, se há, tais seres podem ter desenvolvido um conhecimento das leis naturais que vastamente excede o nosso. Ateus podem livremente imaginar tais possibilidades. Eles também poderão admitir que se existirem extraterrestres mais inteligentes que nós ou não, que o conteúdo da Bíblia e do Corão ainda será menos impressionante do que para nós humanos ateus. Do ponto de vista ateu, as religiões do mundo banalizam completamente a real força e imensidão do universo. Não é preciso aceitar nada com base em provas insuficientes para chegar a esta conclusão.


Os ateus desprezam o facto de que as religiões são extremamente benéficas para a sociedade. Aqueles que enfatizam os bons efeitos da religião nunca parecem perceber que tais efeitos falham em demonstrar a verdade de qualquer doutrina religiosa. É por isso que temos termos como “pensamento positivo” e “fé”. Há uma profunda diferença entre uma ilusão que nos consola e a verdade nua e crua. De qualquer maneira, os bons efeitos da religião podem e devem ser questionados. Na maioria das vezes, as religiões dão péssimos motivos para se agir bem, quando temos bons motivos disponíveis. Por exemplo: o que é mais moral? Ajudar os pobres por se preocupar com seus sofrimentos, ou ajudá-los porque acha que o criador do universo quer que você o faça e o recompensará por fazê-lo ou o punirá por não fazê-lo?


O ateísmo não fornece nenhuma base para a moralidade. Se uma pessoa ainda não entendeu que a crueldade é errada, não o vai descobrir lendo a Bíblia ou o Corão, já que esses livros transbordam de crueldade, tanto humana quanto divina. Não tiramos a nossa moralidade da religião. Decidimos o que é bom recorrendo a intuições morais que são (até certo ponto) embutidas em nós e refinadas por milhares de anos de reflexão sobre as causas e possibilidades da felicidade humana. Nós fizemos um progresso moral considerável ao longo dos anos, e não fizemos esse progresso lendo a Bíblia ou o Corão mais atentamente. Tudo que há de bom nas escrituras pode ser apreciado por seu valor ético, sem a crença de que isso nos tenha sido transmitido pelo criador do universo.

O ateismo é um dos caminhos para um futuro sem escravidão mental. É por isso que sou ateu, e mesmo sendo ignóbil lutarei sempre para fugir ao controlo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Reconstituição do 25 de Novembro

Quinta-feira, 6 de Novembro de 1975. À hora de jantar, o Conselho da Revolução interrompeu os trabalhos. Deveria ser um breve intervalo, naquela reunião conjunta com o Governo de coligação, mas prolongou-se, para conselheiros e ministros verem o debate na RTP entre Mário Soares e Álvaro Cunhal.

No ecrã a preto e branco, o jornalista envolto em fumo de cigarro anunciou os líderes dos partidos Socialista e Comunista. "O sr. dr. teima em querer fazer a revolução com uma minoria", diz Soares, com um risinho. Cunhal responde rápido: "Não. O que eu quero é fazer a revolução com revolucionários."

A reunião do Conselho da Revolução fora pedida pelo executivo. O primeiro-ministro, Pinheiro de Azevedo, cujo cognome era o "Almirante sem Medo", exigia medidas para que o deixassem governar. Os militares não lhe obedeciam, os sindicatos e os comunistas organizavam manifestações de protesto todos os dias, os media divulgavam propaganda radical e apelavam à sublevação, principalmente a Rádio Renascença, que, em Outubro, fora ocupada pelos trabalhadores e se transformara em porta-voz da esquerda revolucionária. Era preciso fazer qualquer coisa.

Pinheiro de Azevedo e alguns dos conselheiros falaram sobre isto durante o intervalo, que se prolongou demasiado devido ao grande interesse do debate da RTP, dando azo a que fosse tomada, um pouco à socapa, aquela decisão, antes de todos voltarem à sala. A decisão terrorista.

"O Partido Comunista tem um pé no Governo e todo o corpo, e o outro pé, de fora, fazendo mobilização no país, para derrubar o Governo", diz Soares na televisão. "Isto leva em linha recta o país para a confrontação armada e uma guerra civil." Cunhal vai contrariando: "Nós também queremos evitar a guerra civil. Mas não se fale da disciplina da direita reaccionária..."

Soares continua: "O que o Partido Comunista deu provas, durante estes meses, é que quer transformar este país numa ditadura." E Cunhal: "Olhe que não, olhe que não."

Conselheiros da Revolução e ministros voltaram para a sala de reuniões, no Palácio de Belém. Prosseguiram os discursos e as queixas, até que o Conselho disse que sim a todas as sugestões do sarcástico primeiro-ministro. Uma delas, já combinada no intervalo, era a decisão terrorista de Estado e dizia respeito à Rádio Renascença. Às 4h30 da manhã do dia 7, sexta-feira, pouco depois de a reunião ter terminado, uma bomba era lançada, na Buraca, sobre os emissores da rádio rebelde, calando-a de vez. A ordem foi dada pelo Governo, com aval do Conselho da Revolução e através do chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Morais e Silva, e quem a executou foram forças pára-quedistas da Companhia de Caçadores 121, aquartelada no Lumiar.

Ora entre os "páras" o predomínio dos esquerdistas era cada vez maior. Activistas do PCP e dos partidos maoístas faziam agitação e propaganda junto dos efectivos das unidades especiais e altamente disciplinadas de pára-quedistas, fazendo-os sentir um peso na consciência por terem bombardeado a Renascença.

Sábado, 8 de Novembro. Apercebendo-se do mal-estar entre os "páras", Morais e Silva, acompanhado pelo capitão de Abril Vasco Lourenço, foi à Base Escola de Tropas Pára-Quedistas, em Tancos, explicar a acção contra a "rádio vermelha". Uma sessão de esclarecimento foi convocada para o pavilhão gimnodesportivo da base. O general começou a falar, ao lado de um embaraçado Vasco Lourenço (que sempre achou injustificável a operação Renascença), mas foi interrompido por um soldado, que lhe roubou o microfone para dizer: "Camaradas, vamos todos sair daqui. O meu general é um burguês, que já fez a sua opção de classe e não pode defender os nossos interesses. Portanto, não temos nada que estar aqui a ouvi-lo." E abandona o pavilhão com a maioria dos soldados, para se irem juntar a uma reunião paralela, com os sargentos da base.

Humilhado, Morais e Silva ficou sem resposta, e acabou também por sair do recinto. Os oficiais presentes continuaram a reunião, decidindo que, por não haver disciplina possível, iriam apresentar-se no Estado-Maior da Força Aérea, para pedir a passagem aos seus quadros de origem. Nesse mesmo dia, 123 oficiais abandonaram a base de Tancos, deixando-a entregue a sargentos e praças, e instalam-se na base aérea de Cortegaça, perto de Espinho, com a ajuda e apoio do chefe da Região Militar do Norte, Pires Veloso. Morais e Silva, esse, jurou vingar-se.

Domingo, 9 de Novembro. Uma gigantesca manifestação de apoio ao VI Governo Provisório foi convocada para o Terreiro do Paço pelo PS e o PSD. Pinheiro de Azevedo, com Mário Soares e Sá Carneiro, ficou numa das janelas da sala do Estado-Maior da Armada. Mas mal o primeiro-ministro começou a discursar, denunciando o golpismo do Partido Comunista, rebentou uma granada de fumo no meio da multidão. Gerou-se o pânico, correrias, gritos, uns tentando abandonar a praça, outros deixando-se atropelar, outros tentando encontrar e castigar os culpados. Pouco depois, começou a ouvir-se um tiroteio vindo dos arcos da praça. A Polícia Militar tentava dispersar a tiro os desordeiros, provocando o pandemónio. Da janela, Pinheiro de Azevedo gritava: "O povo é sereno! O povo é sereno! É apenas fumaça! É apenas fumaça! O povo é sereno!"

Segunda-feira, 10 de Novembro.

Na base de Tancos realizou-se um plenário em que foi aprovada uma moção de repúdio pela operação contra a Renascença. Os sargentos assumiram a autoridade, reinstalaram a disciplina e treinos com intensidade redobrada, armaram uma companhia especial para garantir a defesa da base.

Terça-feira, 11 de Novembro. Dois sargentos pára-quedistas deslocaram-se ao Forte do Alto do Duque, onde se situava o quartel-general do Copcon (Comando Operacional do Continente). Pediram para falar com o chefe, Otelo Saraiva de Carvalho. "Meu general, vimos aqui oferecer-lhe 20 mil tiros por minuto", disse um dos sargentos. Colocavam-se à disposição e sob o comando de Otelo, em troca do seu apoio à luta dos "páras".

Quarta-feira, 12 de Novembro. Otelo manifestou publicamente o seu apoio aos pára-quedistas. Morais e Silva começara a executar a sua vingança. Numa série de ordens confusas, ia mandando passar à disponibilidade os praças pára-quedistas. Na prática, extinguiu os pára-quedistas.

Para explicar a sua posição, Otelo promoveu uma reunião entre Morais e Silva e o Presidente da República, Costa Gomes. "Meu general, eu quero dizer-lhe claramente que não posso apoiar esta decisão unilateral do Morais e Silva", disse Otelo. "Temos uma força pára-quedista de centenas de homens perfeitamente disciplinados, uma força excelente para o combate, que pode actuar em qualquer situação, e agora, por despacho, este gajo elimina a força de pára-quedistas?"

"Mas eles não me respeitam", defendeu-se Morais e Silva.

"Não te respeitam, porque tu participaste em ordens que não têm pés nem cabeça", atacou Otelo. "Destruir à bomba os emissores da Rádio Renascença, só porque ela estava ocupada pelos trabalhadores? Não havia outra forma de resolver o problema?"

A delegação dos pára-quedistas que visitou o Copcon informou ainda Otelo que os oficiais baseados em Cortegaça estavam a enviar aviões para sobrevoarem ameaçadoramente a base de Tancos. "Estão a fazer voos a pique sobre nós", disse um dos sargentos. "E, se houver alguma atitude ameaçadora, nós queremos rebentar com o avião."

Otelo enviou então, como medida dissuasora, metralhadoras antiaéreas para os páras em autogestão.

No mesmo dia, às 5 da tarde, uma manifestação de trabalhadores da construção civil cercou o Palácio de S. Bento, onde o Governo se encontrava reunido, para apresentar ao primeiro-ministro o seu caderno reivindicativo. Em frente do portão da residência do primeiro-ministro, os trabalhadores colocaram uma enorme betoneira, obstruindo a saída. Ninguém poderia abandonar o palácio antes de terem sido atendidas as reivindicações, explicaram os delegados sindicais.

No interior, permanecia o Governo inteiro, mas também os deputados da Assembleia Constituinte, que estava reunida, o público que assistia à sessão e os funcionários do palácio. Uma delegação dos manifestantes foi falar com Pinheiro de Azevedo, que declarou não tencionar ler sequer o documento das reivindicações, enquanto se mantivesse aquela situação de pressão. Em resposta, representantes dos trabalhadores entraram no salão nobre e na varanda, onde instalaram um sistema sonoro e de onde iniciaram um comício permanente. Não iriam "arredar pé", enquanto os seus problemas não fossem resolvidos, gritaram aos altifalantes. E com isso assumiram o sequestro do Governo e dos deputados, que duraria 36 horas, sem que as forças de segurança, comandadas pelo Copcon de Otelo, fizessem coisa alguma.

Vendo a situação entrar num impasse, com os trabalhadores a estenderem mantas e acenderem fogueiras para dormir e ficar ali por tempo indeterminado, Pinheiro de Azevedo veio à varanda apelar à dispersão, sob a promessa de estudar o caderno reivindicativo. Mas os manifestantes não o queriam ouvir, e gritavam e insultavam mal o primeiro-ministro abria a boca. "Fascista!", chamavam eles, e o "Almirante sem Medo" perdeu a paciência: "Fascista uma merda!" Ou na versão de outras testemunhas: "Vão todos bardamerda!"

Só na manhã de quinta-feira, dia 13 de Novembro, os manifestantes permitiram a saída dos deputados, funcionários e elementos do público assistente à sessão da Constituinte. Os ministros continuaram sequestrados até que Pinheiro de Azevedo acabou por assinar um "compromisso" em que aceitava certas reivindicações.

Sexta-feira, 14 de Novembro.

Os líderes do PS, PPD e CDS fugiram para o Porto, onde participaram numa manifestação de apoio ao Governo, que acabaria com o assalto à sede da União dos Sindicatos. O país estava a dividir-se em dois. A região de Lisboa estava dominada pelas forças comunistas, e cada vez se tornava mais claro, para muita gente, que para as combater seria necessário fazê-lo a partir do Norte, onde os moderados e a direita detinham a supremacia, entre a população e nos quartéis. As forças democráticas tomariam posições na zona do Porto e os comunistas declarariam a Comuna de Lisboa. O país seria dividido em dois e seguir-se-ia a guerra civil.

Não chegou a haver consenso sobre esta solução, mas os líderes dos partidos democráticos, pelo sim pelo não, fugiram para o Porto com as respectivas famílias.

Foi Vasco Lourenço quem sempre recusou esta debandada das forças. A certa altura, numa reunião do Grupo dos Nove, o próprio Melo Antunes, que era o autor do documento, assinado por nove membros do Conselho da Revolução, que marcava posição contra o avanço do totalitarismo esquerdista na vida militar e civil do país, já estava a defender a retirada para o Porto. "Pronto, convenceram-me. Eu aceito", disse Melo Antunes. Mas decidiu impor uma última condição: "Desde que o Vasco Lourenço também aceite."

"Não. Eu não aceito. Isso seria a guerra civil", disse Vasco Lourenço. "Vamo-nos preparar para reagir a qualquer tentativa que haja, e vamos manter o Costa Gomes do nosso lado. Porque o primeiro a saltar perde."

E o Grupo dos Nove começou a trabalhar num plano militar para combater os comunistas e a extrema-esquerda, sempre na perspectiva de uma reacção contra um eventual golpe deles. Mantendo-se do lado da legalidade, teriam a garantia do apoio da maioria das unidades militares. Por isso era fundamental informar o Presidente Costa Gomes dos seus planos e ganhar o beneplácito dele. E depois esperar por um deslize dos esquerdistas.

Para conceber o plano militar, os Nove designaram Ramalho Eanes, embora Vasco Lourenço fosse o líder operacional do movimento dos moderados. Do outro lado, estavam todas as forças militares controladas pelo Partido Comunista e pelos partidos da extrema-esquerda, com a ajuda de todos os civis a quem seriam distribuídas armas, em caso de confronto. No seu total, contando com as lideranças organizadas e efectivas que possuíam, não constituíam uma força capaz de levar a melhor num conflito armado. Pelo menos era isto que os Nove pensavam.

Mas as coisas já seriam diferentes se Otelo assumisse a liderança de todo o sector da esquerda. O prestígio do comandante do Copcon era imenso. Para muitos, ele representava os trabalhadores, os mais fracos, os ideais do Movimento dos Capitães, encarnava a própria revolução. Fora ele a fazer o 25 de Abril, e a assumir as rédeas do poder quando todos disso se demitiam. Foi ele que permitiu e protegeu as ocupações de casas, de fábricas e de terras, que lançou as campanhas de dinamização cultural e de alfabetização. Ele, com toda a sua loucura e exagero, as suas frases bombásticas e assustadoras ("Fascistas para o Campo Pequeno"), era a figura moral e romântica, o símbolo da infinita generosidade de Abril. Mais do que ninguém, ele tinha a capacidade de arrastar as massas atrás de si. De fazer cumprir todas as ordens que desse, por pura lealdade, por puro afecto.

Por isso, Otelo era cobiçado pelas várias forças políticas. O Partido Comunista tentou por todos os meios tê-lo do seu lado, os esquerdistas acreditaram poder contar com ele, aliciando-o com os ideais de poder popular com que ele simpatizava. Até o CDS tentou levá-lo aos seus comícios, para tirar dividendos do seu poder de sedução. Mas Otelo, apesar de se ter deixado manipular em muitas situações, sempre resistiu ao recrutamento político. Nunca perdeu a independência. Naquela altura, era o comandante da Região Militar de Lisboa e do Copcon, uma estrutura que tinha sob a sua alçada todas as forças de segurança e especiais e ainda as unidades de todas as Forças Armadas, em caso de emergência. O Copcon fora criado pelo Presidente da República (Spínola, na altura). O seu poder era legal, além de imenso. Antes de começar a perder o controlo de muitas das forças, devido à acção e influência dos activistas civis da esquerda, Otelo foi o homem mais poderoso do país.

Agora era visto como o líder de todo o sector da esquerda, o único homem capaz de a unir para qualquer propósito, incluindo o de pegar em armas para defender "as conquistas de Abril". Os apoiantes dos Nove (que incluíam desde a esquerda moderada do PS até à extrema-direita do ELP e MDLP) viam-no assim. Os comunistas e a extrema-esquerda viam-no assim. Só ele, Otelo, não aceitava esse papel.

Na semana seguinte houve manifestações contra e a favor do Governo, reuniões dos moderados, do seu grupo militar, reuniões do Copcon, com todos os elementos civis afectos ao PC e à esquerda radical que cirandavam em torno de Otelo, reuniões dos pára-quedistas em luta.

Vasco Lourenço informou Otelo do plano militar contra o eventual golpe da esquerda. "Eu garanto-te que nós não tomamos a iniciativa do golpe", disse-lhe Vasco Lourenço. "Agora, não te envolvas em nenhuma iniciativa, porque se alguém der o primeiro passo, nós estamos em condições de lhe cair em cima. Toma cuidado com isso."

A ideia era ganhar Otelo para o lado dos Nove. Porque eles estavam do lado da legalidade. Tinham, desde as remodelações havidas meses atrás, em consequência do Pronunciamento de Tancos, apoio da maioria do Conselho da Revolução, e tinham o apoio do Presidente da República. Além disso, Vasco sabia que Otelo compreendia as ideias da facção dos Nove. A liberdade, a realização de eleições e o respeito pelos seus resultados, e até a circunstância de os Estados Unidos e as potências ocidentais não tencionarem permitir a instauração de um regime comunista em Portugal, tudo isto eram argumentos a que Otelo era sensível. Mas o ideal do poder popular era mais forte. E também, segundo os seus detractores, a disponibilidade para ser influenciado pelos seus apaniguados.

Sábado, 15 de Novembro.

O movimento dos moderados teve uma reunião alargada no Palácio das Laranjeiras, em que volta a ser colocada a hipótese de fuga para o Norte. Jaime Neves, o comandante do Regimento de Comandos, que estava do lado dos Nove, mas tinha muitos apoios entre a extrema-direita, declarou de súbito: "Se vamos avançar para o Norte, é melhor ser já. Porque eu, neste momento, garanto que uns 200 homens vêm comigo. Daqui a uma semana ou duas já não sei se me restam alguns."

Vasco Lourenço reagiu logo, saltando para o patamar das escadas onde muitos se sentavam: "Afinal que merda de comandante és tu? Afinal és um bluff. Vais mas é para a tua unidade e agarras bem os teus homens, e daqui a 15 dias vais ter os mesmos 200 todos contigo. Porque eu já disse que veto quaisquer ideias de fuga para o Norte."

Na mesma reunião, discutiram-se as medidas a adoptar para fazer face ao agravamento das situações política, militar e social. Foi decidido que era preciso afastar Otelo do comando da Região Militar de Lisboa, substituindo-o por Vasco Lourenço. O segundo passo seria retirar poderes ao Copcon e, depois, extingui-lo. Sem poderes legais, Otelo (que tinha acabado de chamar contra-revolucionário ao Conselho da Revolução) poderia ainda ser perigoso, mas, pensavam os moderados, mais controlável.

"Um comando é muito efectivo quando o seu comandante tem, cumulativamente, muito prestígio e força legal", pensava Ramalho Eanes. "Entre os subordinados, há um conjunto de homens extremamente determinados que estão ligados ao comandante devido ao seu carisma, e obedecem-lhe intransigentemente. Há outro número de subordinados, talvez maior, que não tem dúvidas em seguir as ordens daquele homem de quem gostam e a quem estão ligados, desde que isso não implique para eles e as suas famílias um grande perigo. O que quer dizer que cumprem as ordens, quando isso não implica consequências para as suas famílias, porque o fizeram num quadro de legalidade."

Por causa deste princípio da sabedoria militar, Eanes acreditava que, fora da legalidade, Otelo teria menos de metade dos potenciais seguidores, se desse uma ordem de combate contra as forças apoiadas pelo Presidente da República.

No campo político, a decisão que se seguiu à reunião das Laranjeiras foi ainda mais ousada. Foi tomada ao almoço, no restaurante O Chocalho. O que deveria o Governo fazer para impor o respeito? Foi Gomes Mota, um dos mentores do Movimento dos Nove, quem deu a ideia: o Governo poderia suspender as suas funções até que lhe fossem dadas garantias. Entrar em greve!

Vasco Lourenço apoiou logo: "Compro! Compro essa ideia! O Governo vai entrar em greve!" Melo Antunes, sempre mais ponderado, ainda objectou: "Estás louco? O Governo entrar em greve? Onde é que já se viu isso?"

"Nunca se viu, vai-se ver aqui", respondeu Vasco. "O Governo vai entrar em greve." Logo a seguir telefonaram a Mário Soares, que acabou por concordar e convenceu os outros ministros civis. E Pinheiro de Azevedo partiu para Belém, para informar alegremente o Presidente da República da original decisão.

À saída, o almirante explicou aos incrédulos jornalistas: "Estou farto de brincadeiras. Eh, pá, fui sequestrado já duas vezes, pá. Estou farto de ser sequestrado. Não gosto. É uma coisa que me chateia, pá. Estou farto. Por isso entrámos em greve."

Quinta-feira, 20 de Novembro.

Na reunião do Conselho da Revolução o Movimento dos Nove propôs a nomeação de Vasco Lourenço para a Região Militar de Lisboa. Otelo protestou, mas acabou por concordar. Vasco Lourenço também, com uma condição: que Otelo aceitasse a solução. Porque achava que seria completamente diferente Otelo chegar às unidades que o apoiavam e dizer: "Aceitei esta solução, porque é a menos má", do que dizer: "Não concordei, mas impuseram-me esta solução."

Otelo disse que sim, mas, quando chegou ao Copcon, deparou-se com a discordância dos seus oficiais. Telefonou a Costa Gomes: "Ó meu general, está aqui um problema tramado. É que grande parte das unidades não querem o meu afastamento, e não aceitam o Vasco Lourenço. Eu acabei por aceitar a posição deles. Era o meu voto contra todos."

"É pá, mas isso já está decidido", responde o Costa Gomes.

"Pois é meu general, mas o que é que eu hei-de fazer?"

No dia seguinte telefonou a Vasco Lourenço: "Eh pá, afinal, falei com a minha rapaziada, e eles não aceitam isso, pá. Tenho de ir explicar isto ao Costa Gomes e gostaria que viesses comigo." Ao Presidente Otelo disse que as unidades de Lisboa e os seus comandantes não aceitavam Vasco Lourenço, que não tinha por isso condições para chefiar a Região Militar. Vasco respondeu que os comandantes não o queriam porque, com ele, acabaria a bagunça. O Presidente marcou nova reunião, para a decisão final, para dia 24.

No mesmo dia, no Ralis (Regimento de Artilharia Ligeira de Lisboa), uma das unidades dominadas pela esquerda, fez-se um estranho juramento de bandeira. De punhos erguidos, os soldados gritaram: "Juramos ser fiéis à pátria e lutar pela liberdade e independência. Juramos estar sempre, sempre ao lado do povo, ao serviço da classe operária, dos camponeses e do povo trabalhador. Juramos lutar com todas as nossas capacidades, com voluntária aceitação da disciplina revolucionária, contra o fascismo, contra o imperialismo. Pela democracia e poder para o povo, pela vitória da revolução socialista."

Durante o fim-de-semana o PS organizou grandes manifestações contra o totalitarismo na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, e segunda-feira, 24 de Novembro, o Conselho da Revolução reuniu-se enquanto, em Rio Maior, os agricultores, orientados pela CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), cortavam os acessos a Lisboa, dispondo árvores abatidas ao longo da estrada. O objectivo dos agricultores era exigir que o Conselho da Revolução acabasse com a "anarquia em Lisboa".

Receando que as barricadas de Rio Maior provocassem alguma acção de resposta da esquerda, Eanes e os operacionais do plano militar colocaram-se em alerta. O Conselho aprovou, para o comando da Região Militar de Lisboa, a nomeação de Vasco Lourenço, que entretanto se considerou desvinculado da condição que impusera, em consequência da "traição" de Otelo.

A reunião acabou tarde. Otelo saiu e dirigiu-se ao Copcon. Eram 4h30 da manhã, mas o forte estava cheio de gente. Oficiais de outras unidades, civis, militantes dos vários partidos de extrema-esquerda. Otelo atira-se para o sofá onde já estavam sentados Costa Martins, um oficial da Força Aérea ligado ao PCP, e outros oficiais da sua confiança. Diz: "Passei aqui só para vos comunicar que deixei definitivamente de ser o comandante da Região Militar de Lisboa. O Vasco Lourenço assumiu o cargo. Eu fico apenas comandante do Copcon."

Costa Martins levanta-se e diz: "Mas os pára-quedistas não vão aceitar esta situação, e vão ocupar as bases aéreas!" Otelo olha para ele. "As bases aéreas? A que propósito?"

"Isto cheira-me a golpada!", diz outro oficial, Tomé Pinto. Otelo responde: "A mim também. Aguenta aí." E chamou o major Arlindo Dias Ferreira, piloto aviador do Copcon, e o capitão Tasso de Figueiredo, da Polícia Aérea do Copcon, levou-os para uma sala à parte.

"Que significa isto? Que boca é esta do Costa Martins?"

"Otelo, isso não é nada connosco", disse Arlindo. "É a luta dos pára-quedistas com o Morais e Silva, que quer dissolver as unidades."

Otelo desconfia: "Se isso acontecesse, não poderia servir de pretexto para os Nove, que já encomendaram um plano de operações ao Eanes, para lançarem uma operação contra nós, e para liquidarem a esquerda? É que uma coisa é o apoio que eu dou aos páras, na sua luta contra o Morais e Silva. Outra coisa é eles ocuparem as bases aéreas, em resposta à minha demissão da Região Militar. Não sei se vocês estão a ver a ligação."

"Não, está descansado, não é nada disso. Nós vamos tomar providências", respondeu Arlindo.

"Então tomem as providências todas, senão há bronca." E Otelo decidiu: "Estou estafadíssimo, não estou para aturar esta pessegada, vou para casa descansar. Vocês travem-me essa porcaria, se houver alguma coisa."

"Vai, vai sossegado."

Otelo atravessou a sala e saiu. "Já dei indicações ao Arlindo. Boa noite, rapaziada."

Foi acordado ao meio-dia, pelo seu chefe de Estado-Maior, com a notícia: "Meu general, é melhor vir rapidamente para o Copcon, porque há aqui uma situação muito grave. Os pára-quedistas ocuparam as bases aéreas, de Monte Real ao Montijo, às 5h da manhã."

Otelo dirigiu-se imediatamente ao Copcon. Mal entrou, o seu chefe de Estado-Maior apontou-lhe a sala ao lado: "Meu general, está ali o comandante da Força de Fuzileiros do Continente, à sua espera."

Ribeiro Pacheco, capitão-de-fragata, de farda branca, impecável, fez continência. "Sr. general", disse ele, "vim aqui para lhe dizer que tem a Força de Fuzileiros do Continente ao seu dispor. Mande, que nós obedecemos. Se quiser, nós vamos neste momento atacar o Regimento de Comandos da Amadora. Vamos lá e destruímos aquilo tudo."

No Regimento de Comandos da Amadora, Ramalho Eanes tinha instalado o posto de comando do contragolpe. Costa Gomes assumiu o comando supremo das Forças Armadas e delegou os seus poderes em Vasco Lourenço, que atribuiu a Eanes o comando operacional. Estava tudo a postos para o combate. Se os fuzileiros atacassem os comandos, seria o início de uma guerra que ninguém podia prever quando e como terminaria. Alem dos fuzileiros, dos pára-quedistas, da Polícia Militar e do Ralis, não se sabia exactamente que outras forças poderiam sair em defesa da esquerda. Eanes, Costa Gomes, Vasco Lourenço, sabiam que tudo dependia de Otelo. Por isso, a primeira coisa que Presidente fez mal soube da saída dos páras foi chamar a Belém o comandante do Copcon.

Mas ele nunca mais chegava. Que iria Otelo fazer? Assumiria a liderança da facção que o via como o seu líder e iniciaria a guerra?

No Copcon, os dois homens olharam-se por escassos segundos. O capitão-de-fragata estava à espera da decisão, em sentido.

"Eh pá, ó Pacheco, aguente aí", disse-lhe Otelo. "Não vai fazer nada disso. O senhor vai mas é daqui, mete-se no carrinho, vai lá para a Força de Fuzileiros, em Vale do Zebro, e fique lá, calmamente, a aguardar o desenrolar dos acontecimentos. Eu vou ver o que se está a passar. Fique a aguardar qualquer indicação do nosso general Costa Gomes."

O chefe dos fuzileiros saiu. O chefe de Estado-Maior de Otelo disse-lhe: "O nosso general Costa Gomes já telefonou para cá duas vezes, pedindo para o meu general se apresentar em Belém."

"Diga-lhe que vou comer qualquer coisa e já vou para lá", respondeu Otelo.

"Ainda bem que chegou, já estava a ficar aflito", disse Costa Gomes quando Otelo entrou. E só então declarou o estado de sítio.

As operações foram lançadas por Eanes, usando os comandos de Jaime Neves. À excepção da Polícia Militar, na Calçada da Ajuda, onde o tiroteio que se instalou provocou três mortos, todas as acções decorreram sem violência. Na RTP, o golpe dos esquerdistas chegou a anunciar a vitória, numa emissão rapidamente interrompida.

"Aqui não há meias-tintas, não tenho mais tempo para conversar", anunciou o jovem oficial barbudo Duran Clemente, à entrada dos estúdios do Lumiar. "Isto é tudo muito desagradável, mas, se for necessário matar, eu tenho de matar." E, depois de ter trancado o director da RTP num gabinete, avançou para o estúdio, onde iniciou um discurso sobre as delícias do poder popular, acompanhado de slides alusivos. Às 21h10, os telespectadores vêem Clemente começar a esbracejar, em protesto contra os sinais que o técnico lhe fazia, e de seguida surgirem no ecrã as imagens do filme O Homem do Diners Club, de Danny Kaye, já emitido dos estúdios do Porto.

O golpe tinha acabado. A fase louca da revolução também. Uma depuração percorreria todos os níveis das Forças Armadas. Um reequilíbrio à direita seria reposto no Conselho da Revolução. Otelo e os seus oficiais seriam presos. O Partido Comunista obteve a garantia de que não seria ilegalizado, desde que abandonasse os impulsos golpistas e aceitasse o jogo eleitoral. Ramalho Eanes emergiria como o herói do 25 de Novembro. Pouco depois era eleito Presidente da República. A fase totalitarista da revolução dava lugar ao período democrático, ainda que à custa de uma boa parte do idealismo inicial. Entrou-se na época da normalização, da revolução possível.

Mas muito ficou por explicar. Quem deu a ordem aos pára-quedistas para ocuparem as bases? Foi o PCP que preparou o golpe da esquerda? Se sim, com que objectivo? Fazer pressão para que houvesse um reequilíbrio à esquerda na composição do Conselho da Revolução e Governo, depois da queda de Vasco Gonçalves? E, nesse caso, porque desistiu? A URSS terá recuado na sua promessa de apoio? Ou terá temido que a extrema-esquerda assumisse o controlo? A ser assim, terá sido esta uma forma hábil de se desembaraçar dos esquerdistas?

E Otelo? Terá traído os companheiros? Terá tido medo? Terá avaliado a correlação de forças e concluído que perderia? Terá planeado tudo, lançando os páras na sua aventura, para provocar a reacção dos Nove, porque previu que isso era a única solução? Isso explicaria por que se fechou em casa, das 5 da manhã ao meio-dia, sem atender o telefone. Terá sido genialmente maquiavélico, ou terá sido enganado? Ou terá feito o jogo dos Nove porque, no fundo, acreditava que eles representavam o regresso à verdadeira essência dos ideais de Abril?

Apesar de todos os mistérios que persistem, visto de hoje o 25 de Novembro parece antes de tudo uma imensa encenação, em que, tacitamente, todos, da extrema-esquerda à extrema-direita, conspiraram para o mesmo desfecho. Como se estivessem cansados, e optassem pela paz.
Fonte: Jornal Público