quinta-feira, 23 de setembro de 2010

EUA executam a primeira mulher em cinco anos

Teresa Lewis, que a defesa diz ser deficiente, será hoje morta por injecção letal devido ao homicídio do marido e do enteado

Acusada de ter ordenado a morte do marido e do enteado para receber o seu seguro de vida, Teresa Lewis, de 41 anos, vai hoje ser executada por injecção letal no centro correccional de Greensville, no estado da Virgínia. Esta será a primeira vez em cinco anos que uma mulher é executada nos EUA e a primeira naquele estado americano desde 1912.

O último recurso de Teresa, que depois de ter confessado o crime viu a sua defesa alegar que sofria de deficiência mental, foi recusado esta terça-feira pelo Supremo Tribunal dos EUA. A sua condenação à morte está a ser alvo de várias críticas por parte dos opositores da pena capital. E até foi criticada pelo Presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad, que aproveitou este caso para mostrar a contradição entre a sua execução e as críticas feitas à lapidação da iraniana Sakineh Ashtiani.

"Nos EUA vai ser executada uma mulher e ninguém protesta", afirmou o líder iraniano, aproveitando para denunciar uma "campanha mediática" contra o Irão no caso Ashtiani. A pena de morte é praticada no Irão e em 35 dos 50 estados dos EUA. Desde que a pena foi restabelecida em território americano, em 1976, 11 mulheres foram executadas e 61 esperam a sua vez no corredor da morte, segundo os media do país.

O crime que levou à condenação máxima de Teresa remonta à noite de 30 de Outubro de 2002, véspera do Halloween. Dois homens armados entraram na caravana da família no condado de Pittsylvania, no Sul da Virgínia, mataram a tiro o seu marido e o seu enteado, respectivamente, Julian e Charles C. J. Lewis. Este último era reservista e preparava-se para partir para o Iraque.

45 minutos depois ela chamou a polícia e esta ainda apanhou o marido vivo a tempo de dizer: "A minha mulher sabe quem fez isto." Mais tarde descobriu-se que os autores dos disparos tinham sido Matthew Shallenberger e Rodney Fullner, de 22 e 19 anos, sendo o primeiro amante dela. Ambos foram condenados a prisão perpétua e Shallenberger acabou por cometer suicídio.

Teresa tinha-lhes prometido que ia repartir com eles os 250 mil dólares do seguro de vida, tendo mesmo adiantado algum dinheiro, cerca de 1200 dólares, para a compra de armas e munições. Após admitir a culpa, em 2003, o juiz que ficou responsável pelo caso, Charles Strauss, classificou-a como "a cabeça da serpente" por ter planeado o duplo homicídio. É provável que nada salve Teresa, uma vez que o governador da Virgínia, Bob McDonnell, já disse que não vê motivos para atender aos pedidos de clemência.


Fonte: diário de notícias http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1668773&seccao=EUA%20e%20Am%E9ricas

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