terça-feira, 27 de outubro de 2009

Israel VS Palestina


A interminável sequência de ataques suicidas palestinianos, seguidos de retaliações pesadas das forças armadas israelitas confere ao conflito dimensões que ultrapassam a disputa pelo território da antiga “terra prometida”. O número de vítimas inocentes e as perdas causadas pela ocupação recorrente das cidades palestinas acirram ainda mais os ânimos agressivos que fortalecem os grupos extremistas dos dois lados e, assim, afastam cada vez mais as perspectivas de um acordo justo e negociado. Pelos meandros tortuosos da mente e do comportamento dos principais actores envolvidos no conflito, a situação deteriorou-se a tal ponto que está a exigir um esforço concertado da comunidade internacional no sentido de colocar um ponto final à matança e obrigar os dois lados a sentar, novamente, à mesa de negociações para dialogar até superarem os impasses actuais. Observadores e analistas do conflito confundem-se no auge das argumentações e justificações dos respectivos porta-vozes. Os palestinos justificam os ataques suicidas como respostas necessárias aos assassinatos selectivos de lideranças do Hamas e Jihad Islâmico pelo exército de Israel. Cada ataque provoca retaliações inviabilizando as frágeis tentativas de entendimento dos representantes dos governos.

Como acontece quando os sentimentos de ódio e de vingança conseguem calar a voz da razão, particularmente na cultura do Médio Oriente onde o ditado “Olho por olho, dente por dente” ainda é profundamente enraizada, cada novo incidente parece afastar ainda mais as hipóteses de um acordo. Os dois lados perdem de vista os fins, ou seja, o convívio pacífico de dois estados, com fronteiras seguras e garantidas pela Organização das Nações Unidas. Isto pressupõe a criação de um estado palestino ao lado do estado de Israel, plenamente reconhecido pelos palestinos e outros países árabes, como único caminho para restabelecer a paz e a segurança na região, para que suas populações sofridas possam finalmente trabalhar, produzir e (re)construir um convívio humano de cooperação, respeito mútuo e de solidariedade.
Indubitavelmente, a imensa maioria dos dois povos condena a violência e aspira viver em paz, uma mensagem que finalmente parece ter chegado ao primeiro ministro palestiniano, Ismail Haniyeh e ao israelita, Benjamin Netanyahu, quando até o chefe do estado maior das forças armadas de Israel, Gabi Ashkenazi, exigiu em público uma atitude mais positiva do governo quanto aos possíveis entendimentos com a liderança palestiniana. Como ponto de partida, convinha admitir que nenhum dos dois lados consegue um controle total sobre seus respectivos extremistas e, portanto, uma vez iniciadas as negociações, estas deveriam prosseguir mesmo com incidentes e reações por parte de extremistas no sentido de criar obstáculos ao processo de paz.
Para uma melhor compreensão da dinâmica do conflito e de suas origens não basta analisar e discutir os argumentos míopes e cartesianos apresentados por certas lideranças políticas e a imprensa dos dois lados.
A oposição dos palestinianos ao estabelecimento de colónias agrícolas colectivistas na Terra Santa data desde o início do século XX e prosseguiu esporadicamente, acompanhada de lutas armadas, nas décadas de 20 e 30, até a criação do estado de Israel, em 1948, pela resolução das Nações Unidas. Foi proposta a partilha do território de 27.000 quilómetros quadrados, até então sob mandato britânico, em dois estados. A rejeição da proposta pelos estados árabes vizinhos e a invasão do país pelas tropas do Egipto, Síria, Iraque e Jordânia levou à primeira guerra contra o estado judeu que terminou com um armistício em 1949, mas sem um tratado de paz. A sequência de confrontos militares em 1956, 1967 e 1973, entremeados por várias Intifadas e a invasão do Líbano, que em 1982 provocou inúmeras vítimas dos dois lados.
Importa ressaltar o papel dúbio e as políticas contraditórias dos países árabes na luta dos palestinianos. Instigando a liderança palestina a recusar qualquer acordo através de negociações, forneceram armas em catadupa, sem contudo estimular e financiar o desenvolvimento do território ocupado pela população palestiniana, na margem ocidental do rio Jordão. Pior ainda, em Setembro de 1970, as tropas jordanianas massacraram 20.000 palestinianos e, em 1982, provavelmente com a conivência das tropas israelitas, as milícias libanesas cometeram o massacre de Sabra e Chatila, nos subúrbios de Beirute. Nem os acordos e consequentes tratados de paz com o Egipto de Anwar Sadat e o reino Hashemita de Hussein foram suficientes para influenciar os outros países, mais agressivos e radicais, a tentar uma aproximação com o estado de Israel.

As sucessivas tentativas de trazer os dois litigantes à mesa de negociações – Camp David, Oslo, Wye Plantation – sob o patrocínio dos Estados Unidos, fracassaram, dando início a um novo ciclo de violência. Quando tudo indicava que um acordo estava perto nas negociações entre Ehud Barak e Yasser Arafat, este último endureceu sua posição e rejeitou a proposta israelita que, segundo os observadores internacionais, teria sido um ponto de partida favorável para o encerramento das hostilidades e os primeiros passos para um longo e intenso processo de negociações. A intransigência dos palestinianos, além de causar a demissão de Barak, levou a maioria da opinião pública israelita a apoiar Ariel Sharon e suas políticas agressivas, inclusive a expansão dos assentamentos de colonos judeus nos territórios do futuro estado palestino.
Como interpretar essa política radical e contraditória dos países árabes e islâmicos em relação ao conflito palestino–israelita? Tratam-se de sociedades semifeudais e autocráticas que reprimem quaisquer movimentos populares que procurem a emancipação e a construção de democracias regidas pela Carta das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos. Com excepção do Líbano, são sociedades dominadas por governantes que exercem o poder de forma absolutista, sem as garantias mínimas de liberdade de opinião, de organização sindical ou política e dos direitos de mulheres e de minorias. Para esses governantes, o movimento de libertação da Palestina é vislumbrado como uma ameaça aos seus regimes autoritários, porque um estado democrático e secularizado na Palestina constituiria o fermento para a consciêncialização e a resistência à opressão política, mal disfarçada pela doutrina religiosa da Sharia – a lei do Corão. Estupidamente, as sucessivas lideranças israelitas ignoraram esse aspecto da luta pela libertação nacional, ainda que tardia, dos palestinianos e procuraram acordos com os reis e sultões absolutistas, de Marrocos, da Jordânia e dos emirados do Golfo Pérsico.
É mais uma ironia da História que os judeus, que só tardiamente conseguiram seu estado nacional, tentem resistir às aspirações legítimas dos palestinos de construir seu estado. No mar de absolutismo e de intolerância do Médio Oriente e da maioria dos países islâmicos, um futuro estado palestino democrático, será um factor de efervescência e de estimulo a transformações sociais e culturais inevitáveis na nossa era de globalização.
Para o avanço das negociações, a participação activa da sociedade civil dos dois lados é absolutamente indispensável, para conter os extremistas e pressionar os governantes de manter abertos os canais de negociação.
A presença de mais de 100.000 israelitas na comemoração do aniversário da morte de Rabin, assassinado por um fanático religioso, é eloquente a respeito do desejo da população israelita por paz e segurança. Seria de fundamental importância que houvesse manifestações semelhantes do lado palestiniano
Aos pessimistas devemos apontar os exemplos da História contemporânea de pacificações após anos de conflitos sangrentos, tais como a da Irlanda do Norte, do Sri Lanka e, sobretudo, do conflito secular entre França e Alemanha que, depois de três guerras (1870-71, 1914–18 e 1939–45) responsáveis por milhões de vítimas, chegou a uma solução pacífica resultando na criação da União Europeia.
O mundo caminha, apesar de resistências e obstáculos, em direcção a uma integração cada vez mais estreita de povos, em que o estado nacional, as fronteiras geográficas e as mentalidades xenófobas perdem gradualmente peso e importância. Apesar do desenvolvimento cultural e político assíncrono das nações, particularmente do Terceiro Mundo, não pode haver dúvidas quanto à necessidade inadiável de cooperação em todas as esferas de vida social para assegurar a sobrevivência da humanidade.
A criação de um estado palestiniano, democrático e secularizado, tenderá a acelerar as transformações culturais e políticas no Médio Oriente, actuando ao mesmo tempo como travão ao consumo de desperdício e a corrida armamentista irracional, que consomem a maior parte dos lucros auferidos com a extração e venda de petróleo. A violência das armas pode resultar em ganhos transitórios, mas o ódio e o desejo de vingança pelos mortos e destruições perduram por gerações.
O exemplo das sociedades ocidentais é rico em ensinamentos a respeito da evolução lenta, mas irresistível, da História. Aproximadamente há trezentos anos atrás, a Europa apresentava um quadro de guerras intermináveis entre reis e príncipes feudais cujas riquezas e poderio estavam baseados na exploração impiedosa dos seus povos e, em alguns casos (Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra), na espoliação e extermínio em massa das populações indígenas na América Latina, na Ásia e na África, cujos habitantes foram caçados, algemados e transportados para servirem de escravos. Ironia da História, as riquezas produzidas pela mão de obra escrava permitiram à burguesia comercial em ascensão a reivindicar e conquistar do estado absolutista os direitos civis, a liberdade e a igualdade perante a Lei.
Visto sob esta perspectiva, o conflito entre palestinianos e israelitas deve ser reconduzido à mesa de negociações. A superioridade de armas pode vencer batalhas, mas não garante o desfecho de uma guerra cujo objectivo só pode ser a paz e o convívio pacífico de todos num mundo em que a diversidade cultural e o respeito pelos direitos humanos prevalecerão como princípios máximos a regerem as relações entre países e povos. Para isto, deve-se cessar a demonização mútua e mostrar disposição de negociar sem estabelecer condições prévias do tipo sine qua non (do latim “sem o qual não pode ser”).
Na mesa das negociações, serão devidamente equacionados e encaminhados os problemas que actualmente impedem um princípio de acordo entre os litigantes. A criação de um estado palestino mediante delimitação das fronteiras sob a supervisão das Nações Unidas, será acompanhada de um explícito reconhecimento do estado de Israel, pelos palestinianos e por todos os países árabes. Na discussão do problema dos refugiados palestinos e seu direito ao “retorno”, além de considerar o caso de centenas de milhares de judeus expulsos dos países árabes após 1948, deverá ser explicitado que esse retorno se refere ao futuro estado da Palestina e não ao estado de Israel.
Os assentamentos de colonos israelitas nos territórios da Cisjordânia e da faixa de Gaza terão de ser desactivados, compensando-se os colonos pelos investimentos realizados e oferecendo-lhes oportunidades de novos assentamentos nos territórios de Israel.
Finalmente, quanto ao status de Jerusalém, reivindicada como capital pelos palestinos e por Israel. Sua soberania será dividida e compartilhada, como de facto já ocorre em função de factores demográficos e religiosos, resguardados os direitos de outras denominações religiosas de acesso aos seus lugares sagrados. Esta seria uma solução aceitável para os dois lados, representando um primeiro passo de transição para a paz. Estes seriam as principais medidas para atingir a paz, mas uma muito importante é acabar com o jogo de cabra cega hipócrita e falsas subtilezas que é posição dos Estados Unidos da América relativamente a este conflito. Os EUA embora tenham organizado encontros para mediar a paz querem que esta guerra continue visto que as suas empresas de armamento (que fornecem Israel), são dirigidas por judeus e o interesse económico é sempre, mas sempre superior a tudo resto. Enquanto os palestinianos e todos os países árabes dos arredores, se mantiverem hostis, os EUA têm motivos mais do que suficientes para os invadir sob falsos pretextos como ‘armas de destruição maciça’ e ficarem com os seus recursos naturais. Surpreendidos!? Não me digam que nunca tinham reparado na posição geográfica do estado de Israel!!!!
Ocorreu recentemente na Assembleia das Nações Unidas uma situação caricata que fez a comunidade internacional sorrir.Um representante de Palestina começou: "Antes de começar a minha intervenção, quero dizer-lhes algo sobre Moisés:- Quando partiu a rocha e inundou tudo de água, pensou, que oportunidade boa de tomar um banho! Tirou a roupa, colocou-a ao lado sobre a rocha e entra na água. Quando saiu e quis vestir-se, a roupa tinha desaparecido. Um Israelita tinha-as roubado."O representante Israelita saltou furioso e disse, "Que é que você está a dizer? Os Israelitas não estavam lá nessa altura." O representante Palestiniano sorriu e disse: "E agora que se tornou tudo claro, vou começar o meu discurso."
VIVA A PALESTINA LIVRE!

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