O debate "Anarquismo Social VS Modo de Vida Anárquico" desenvolve-se em torno da ideia do que afinal significa ser Anarquista. Subjacente a este debate está um assunto menos óbvio, nomeadamente se o Anarquismo é uma ideologia, ou seja um conjunto de regras e convenções a que teremos que nos restringir, ou se o Anarquismo é uma metedologia, sendo o método uma maneira de actuar ou uma tendência histórica contra a autoridade ilegítima. Vou chamar aos Anarquistas ideólogos, ANARQUISTAS, em letras maiúsculas, e aos Anarquistas metodologista, anarquistas, em letras minúsculas, para distinguirem de quem estou a falar. Até chegarmos a conclusão, um Anarquista pode ser qualquer um deles. O Anarquismo tem um certo conceito. Por exemplo no dicionário significa:
1- A teoria de que todas as formas de governo são opressivas e indesejáveis, e devem ser abolidas;
2- Resistência activa e terrorismo contra o Estado, como usado por alguns Anarquistas;
3-Rejeição de todas as formas de controlo coercivas e a autoridade.
3-Rejeição de todas as formas de controlo coercivas e a autoridade.
Assim, segundo esta definição, um Anarquista é aquele que considera todas as formas de governo opressivas e indesejáveis e rejeita todas as formas de controlo coercivo e autoridade. Alguém que não obedeça a este critério não é um Anarquista.
Isto apoia a ideia de que a Anarquia é uma ideologia, um conjunto consistente de ideias baseados em princípios base. Mas quererá dizer que toda aquele que disser que é Anarquista É, de facto, Anarquista? Claro que não, o que forma o elemento principal do argumento para o Modo de Vida "Anárquico", bem como a oposição Anarquista contra a afronta intelectual que é o "Anarco"-Capitalismo. Mas há uma diferença entre a objecção ideologista e a oposição metedologista. Para o ANARQUISTA ele diz: "X não é Anarquista", com a implicação de que ele sabe do que trata o Anarquismo. Para eles, não há necessidade de demonstrá-lo ou prová-lo, o facto de ELES o dizerem é suficiente. Para o anarquista, o Modo de Vida "Anárquico" e o "Anarco"-Capitalismo são rejeitados, porque, metodologicamente, não são as maneiras de alcançar o Anarquismo. Eles usam os meios errados para obter o mesmo fim, nomeadamente a felicidade humana. Começam a perceber as diferenças nas aproximações?
Isto apoia a ideia de que a Anarquia é uma ideologia, um conjunto consistente de ideias baseados em princípios base. Mas quererá dizer que toda aquele que disser que é Anarquista É, de facto, Anarquista? Claro que não, o que forma o elemento principal do argumento para o Modo de Vida "Anárquico", bem como a oposição Anarquista contra a afronta intelectual que é o "Anarco"-Capitalismo. Mas há uma diferença entre a objecção ideologista e a oposição metedologista. Para o ANARQUISTA ele diz: "X não é Anarquista", com a implicação de que ele sabe do que trata o Anarquismo. Para eles, não há necessidade de demonstrá-lo ou prová-lo, o facto de ELES o dizerem é suficiente. Para o anarquista, o Modo de Vida "Anárquico" e o "Anarco"-Capitalismo são rejeitados, porque, metodologicamente, não são as maneiras de alcançar o Anarquismo. Eles usam os meios errados para obter o mesmo fim, nomeadamente a felicidade humana. Começam a perceber as diferenças nas aproximações?
II. Método vs Descontrolo
O ANARQUISTA defende que a conformidade ideológica é o pré-requesito para a revolução social, por outras palavras, engoles as doutrinas X, Y e Z e consequentemente és um ANARQUISTA. O seu plano de acção envolve:
1) criar uma organização ANARQUISTA Central;
2) educar a classe operária para com os dogmas do Anarquismo;
3) construir assim um movimento de massas;
4) criar uma revolução social.
2) educar a classe operária para com os dogmas do Anarquismo;
3) construir assim um movimento de massas;
4) criar uma revolução social.
O ANARQUISTA sente-se confortável com a ideia de um manifesto, uma plataforma base, ou outra doutrina base como o meio de espalhar a "Palavra", a sua ênfase é união na acção e no pensamento, e a conformidade ideológica como elemento principal de uma organização eficaz.
O anarquista, rejeita tudo isto. Ele defende, ao invés, que:
O anarquista, rejeita tudo isto. Ele defende, ao invés, que:
1) as organizações anarquistas não podem ser criadas se não forem exigidas;
2) pessoas endoutrinadas não são pessoas livres;
3) um movimento baseado numa autoridade central (p.ex. como a organização ANARQUISTA central) e nas massas de seguidores "educados" por essa organização, irá ser um movimento elitista e político e não um movimento popular e social;
4) A revolução social será invariavelmente traída por tal esforço, e tornar-se-à numa revolução política logo assim que os ANARQUISTAS chegarem ao poder.
2) pessoas endoutrinadas não são pessoas livres;
3) um movimento baseado numa autoridade central (p.ex. como a organização ANARQUISTA central) e nas massas de seguidores "educados" por essa organização, irá ser um movimento elitista e político e não um movimento popular e social;
4) A revolução social será invariavelmente traída por tal esforço, e tornar-se-à numa revolução política logo assim que os ANARQUISTAS chegarem ao poder.
Isto não é apenas uma diferença semântica, pelo contrário, ataca e destroi precisamente o núcleo do próprio movimento.
Quem está certo? Eu defendo que a metedologia do Anarquismo é mais importante e vital que a sua ideologia. Isso é porque eu reconheço que a linguagem, ao serviço dos ambiciosos, é sistematicamente adaptada para servir as elites de poder. Um grupo poderia apelidar-se de ANARQUISTAS, mas isso não faria deles anarquistas pois não? Farias bem se não acreditasses nas suas palavras cegamente, mas sim abordá-los com as tuas próprias intenções.
Os dois modelos de luta da História são o modelo Marxista, a ideia de uma vanguarda política guiando as massas para a sociedade socialista, e o modelo Bakuninista, ou seja a ideia de rejeição de toda a autoridade política e usando as próprias acções populares como a maneira de realizar o socialismo no "aqui e agora" ao invés de esperar por um futuro incerto onde isso acontecerá.
Até hoje, o modelo Marxista tem dominado a esquerda radical durante cerca de um século, apesar de, com o colapso da URSS, a atmosfera ideológica desvaneceu-se pela primeira vez em décadas.. A minha principal oposição ao Anarquismo ideológico é que depende não na liberdade de expressão e em acções directas, mas sim em obediência, passividade, e conformidade para com um factor exterior: quer seja um manifesto, plataforma base ou outro mecanismo de controlo. Posteriormente concentra-se em criar uma organização central topo-base como o meio de expandir o Anarquismo para o exterior dessa organização. É desprezista assumir, todavia, que podemos usar métodos não-livres para atingirmos uma sociedade livre. De igual forma, é ridículo tentar criar uma organização popular e libertária antes de termos as massas seguidoras! O que teríamos era uma elite especial de activistas, que, sem surpresa seria semelhante à situação da esquerda actual!
Além disso, como a pureza ideológica é o mais importante para os ideólogos, eles acabam por:
1) discutirem eternamente sobre pormenores insignificantes;
2) caçar e castigar os hereges;
3) anular contribuições positivas de outros possíveis companheiros devido a este elitismo.
Quem está certo? Eu defendo que a metedologia do Anarquismo é mais importante e vital que a sua ideologia. Isso é porque eu reconheço que a linguagem, ao serviço dos ambiciosos, é sistematicamente adaptada para servir as elites de poder. Um grupo poderia apelidar-se de ANARQUISTAS, mas isso não faria deles anarquistas pois não? Farias bem se não acreditasses nas suas palavras cegamente, mas sim abordá-los com as tuas próprias intenções.
Os dois modelos de luta da História são o modelo Marxista, a ideia de uma vanguarda política guiando as massas para a sociedade socialista, e o modelo Bakuninista, ou seja a ideia de rejeição de toda a autoridade política e usando as próprias acções populares como a maneira de realizar o socialismo no "aqui e agora" ao invés de esperar por um futuro incerto onde isso acontecerá.
Até hoje, o modelo Marxista tem dominado a esquerda radical durante cerca de um século, apesar de, com o colapso da URSS, a atmosfera ideológica desvaneceu-se pela primeira vez em décadas.. A minha principal oposição ao Anarquismo ideológico é que depende não na liberdade de expressão e em acções directas, mas sim em obediência, passividade, e conformidade para com um factor exterior: quer seja um manifesto, plataforma base ou outro mecanismo de controlo. Posteriormente concentra-se em criar uma organização central topo-base como o meio de expandir o Anarquismo para o exterior dessa organização. É desprezista assumir, todavia, que podemos usar métodos não-livres para atingirmos uma sociedade livre. De igual forma, é ridículo tentar criar uma organização popular e libertária antes de termos as massas seguidoras! O que teríamos era uma elite especial de activistas, que, sem surpresa seria semelhante à situação da esquerda actual!
Além disso, como a pureza ideológica é o mais importante para os ideólogos, eles acabam por:
1) discutirem eternamente sobre pormenores insignificantes;
2) caçar e castigar os hereges;
3) anular contribuições positivas de outros possíveis companheiros devido a este elitismo.
O Anarquismo não é "qualquer coisa serve", ele quer dizer algo. Porém, um operário não tem que ficar "endoutrinado" para ser "apropriado" para o movimento. Noam Chomsky dá uma explicação muito explícita da visão metedológica do Anarquismo quando diz que para ele o Anarquismo é " a tendência histórica dos povos para se rebeliarem contra autoridade ilegítima".
III. Anarquismo, não anarquistas
III. Anarquismo, não anarquistas
Os Anarquistas devem-se esforçar por expandir as ideias anarquistas e, mais importante, espalhar os métodos anarquistas de organização, ao invés de tentarem com que as pessoas se tornem ANARQUISTAS. É uma leve, mas fundamental distinção.
Os Anarquistas defendem que a própria luta social, a propaganda activa, radicaliza e envolve politicamente as massas. Quando tiverem a sensação do seu próprio poder, atingido por acção colectiva e directa, o que se obtém são pessoas "anarquizadas" ou seja que entendem as ideias anarquistas na prática, em vez de estarem endoutrinadas, domesticadas, o que é claramente mais importante. Obtemos pensadores livres e activos conscientes da sua importância, que não têm receio de se envolverem em acções directas ou por outras palavras, anarquistas. Isto não significa que todos os activistas são anarquistas, pois não o são. A ala direita possui uma séria dose de activistas reacionários, mas eles são, na verdade, peões de uma estrutura de autoridade maior, carneiros que fazem aquilo que os seus pastores lhes dizem para fazer. Ou (o que mais frequentemente acontece), trata-se de pessoas bem intencionadas que são iludidas e manipuladas para que defendam uma causa que é contrária aos seus interesses reais. Mas quando temos um conjunto de pessoas trabalhando em conjunto, a organizarem e a empenharem-se em lutar contra a autoridade ilegítima através acções directas, o mais provável é que essas pessoas simpatizem com o anarquismo em vez de outra doutrina, a qual apelará à obediência e à passividade.
A própria luta social promove a ideia anarquista, desde que ela seja feita anarcamente.
Infelizmente, hoje em dia, o que temos é um conjunto de ANARQUISTAS, ideólogos que apenas se concentram no seu dogma ao invés de organizarem e fomentarem a solidariedade entre os trabalhadores. Isso influencia em muito o estado deplorável do movimento de hoje em dia ,o qual está dominado por elites e facções, gregos e troianos.
E uma vez que a Regra Cardinal da Ideologia (a ideologia não está nem nunca poderá estar errada) se aplica, significa que os conflitos nunca acabam e todas as pessoas acabam por ficar divididas em pequenos enclaves. A Metedologia é largamente mais aberta, há aquilo que funciona e há aquilo que não, com pontos intermédios entre esses dois extremos. Se uma estratégia não funcionar, ajustamo-la até que funcione.
O Anarquismo sustenta que os operários e os camponeses estão prontos para o que der e vier em termos de revolução social, e em termos de inclinação e instinto, as pessoas desejam ser livres e elas querem uma melhoria nas suas circunstâncias e padrões de vida. As pessoas não querem ser escravos. Os protagonistas do poder já gastam demasiado tempo a tentar convencer o povo que ele é, realmente, livre, quando de facto, não o é. Acredito que todo o indivíduo valoriza a sua liberdade, enquanto que o ANARQUISTA argumenta que a classe trabalhadora são muito racistas, sexistas, apáticos e homofóbicos para entenderem a "mensagem" , ou seja eles entendem as massas quase com o preconceito marxista. De facto, quando as coisas não vão à maneira dos ANARQUISTAS, eles culpabilizam todos menos eles do sucedido, o que em parte explica a isolação e o elitismo da esquerda radical, "vós, os trabalhadores, são demasiado ignorantes para entenderem as nossas ideias geniais". Com tal atitude podemos perceber porque cada vez mais trabalhadores ignoram a esquerda radical ( por exemplo a existência de cada vez menos trabalhadores sindicalizados).
Os Anarquistas defendem que a própria luta social, a propaganda activa, radicaliza e envolve politicamente as massas. Quando tiverem a sensação do seu próprio poder, atingido por acção colectiva e directa, o que se obtém são pessoas "anarquizadas" ou seja que entendem as ideias anarquistas na prática, em vez de estarem endoutrinadas, domesticadas, o que é claramente mais importante. Obtemos pensadores livres e activos conscientes da sua importância, que não têm receio de se envolverem em acções directas ou por outras palavras, anarquistas. Isto não significa que todos os activistas são anarquistas, pois não o são. A ala direita possui uma séria dose de activistas reacionários, mas eles são, na verdade, peões de uma estrutura de autoridade maior, carneiros que fazem aquilo que os seus pastores lhes dizem para fazer. Ou (o que mais frequentemente acontece), trata-se de pessoas bem intencionadas que são iludidas e manipuladas para que defendam uma causa que é contrária aos seus interesses reais. Mas quando temos um conjunto de pessoas trabalhando em conjunto, a organizarem e a empenharem-se em lutar contra a autoridade ilegítima através acções directas, o mais provável é que essas pessoas simpatizem com o anarquismo em vez de outra doutrina, a qual apelará à obediência e à passividade.
A própria luta social promove a ideia anarquista, desde que ela seja feita anarcamente.
Infelizmente, hoje em dia, o que temos é um conjunto de ANARQUISTAS, ideólogos que apenas se concentram no seu dogma ao invés de organizarem e fomentarem a solidariedade entre os trabalhadores. Isso influencia em muito o estado deplorável do movimento de hoje em dia ,o qual está dominado por elites e facções, gregos e troianos.
E uma vez que a Regra Cardinal da Ideologia (a ideologia não está nem nunca poderá estar errada) se aplica, significa que os conflitos nunca acabam e todas as pessoas acabam por ficar divididas em pequenos enclaves. A Metedologia é largamente mais aberta, há aquilo que funciona e há aquilo que não, com pontos intermédios entre esses dois extremos. Se uma estratégia não funcionar, ajustamo-la até que funcione.
O Anarquismo sustenta que os operários e os camponeses estão prontos para o que der e vier em termos de revolução social, e em termos de inclinação e instinto, as pessoas desejam ser livres e elas querem uma melhoria nas suas circunstâncias e padrões de vida. As pessoas não querem ser escravos. Os protagonistas do poder já gastam demasiado tempo a tentar convencer o povo que ele é, realmente, livre, quando de facto, não o é. Acredito que todo o indivíduo valoriza a sua liberdade, enquanto que o ANARQUISTA argumenta que a classe trabalhadora são muito racistas, sexistas, apáticos e homofóbicos para entenderem a "mensagem" , ou seja eles entendem as massas quase com o preconceito marxista. De facto, quando as coisas não vão à maneira dos ANARQUISTAS, eles culpabilizam todos menos eles do sucedido, o que em parte explica a isolação e o elitismo da esquerda radical, "vós, os trabalhadores, são demasiado ignorantes para entenderem as nossas ideias geniais". Com tal atitude podemos perceber porque cada vez mais trabalhadores ignoram a esquerda radical ( por exemplo a existência de cada vez menos trabalhadores sindicalizados).
IV. Ideologia e natureza humana
Um elemento comum a todos os ideólogos é o seu pessimismo da natureza humana, eles observam-nos como maus, e com necessidades de melhorias (conseguidas através da "aprendizagem" da sua ideologia, que naturalmente oferecem). Ademais, os ideólogos consideram-se isentos desse princípio pessimista da natureza humana, eles estão bem como estão, os outros é que precisam de modificações, pois ainda não estão "abençoados" com a sua ideologia formidável...
No entanto, este ponto de vista é incompatível com o Anarquismo, mas inteiramente compatível com ideologia autoritárias, os autoritários vêem todos os seres humanos como maus e bárbaros, e com necessidades de educação, supervisão, e acima de tudo, controlo, os quais eles estão dispostos a fornecer. O anarquista, defende que os seres humanos são bons, e sem necessidade de orientação, coerção e controlo . De facto, sustentam firmemente que os únicos males na sociedade advêem das tentativas de controlarmos e coagirmos os outros, e que os mecanismos de poder, privilégio e controlo transformam o mais santo dos ingénuos num manipulador compulsivo.
Por outras palavras, os anarquistas vêem as pessoas como boas, e os sistemas de controlo como prejudiciais, enquanto que os ideólogos argumentam o contrário, que os seres humanos são maus e os sistemas de controlo utéis para modificar a sua natureza para boa, desde que ELES o controlem (se outros o controlarem, esse sistema já é nocivo, é assim que eles aparentam ser anti-autoritários quando fora da cadeira do poder, mas esperem até eles terem um cheirinho dela..). É uma diferença importante que determina a natureza da organização que ascende destas bases. A organização baseada numa perspectiva negativa da natureza humana irá focar-se no poder e no controlo, centralizando estes aspectos em tão poucas pessoas quanto possível -- as pessoas às quais podem ser confiadas com essa responsabilidade de deterem o poder ( o que significa os mais obedientes e endoutrinados), enquanto que a organização baseada numa vista positiva da natureza humana irá tender a erradicar o poder e a eliminar o controlo, descentralizando e redistribuindo este por tantas pessoas quanto seja possível.
A mais perniciosa ameaça do ideólogo é que eles se sentem isentos das suas próprias regras -- mais uma vez, derivado da noção de que eles viram "a luz" e o resto são:
No entanto, este ponto de vista é incompatível com o Anarquismo, mas inteiramente compatível com ideologia autoritárias, os autoritários vêem todos os seres humanos como maus e bárbaros, e com necessidades de educação, supervisão, e acima de tudo, controlo, os quais eles estão dispostos a fornecer. O anarquista, defende que os seres humanos são bons, e sem necessidade de orientação, coerção e controlo . De facto, sustentam firmemente que os únicos males na sociedade advêem das tentativas de controlarmos e coagirmos os outros, e que os mecanismos de poder, privilégio e controlo transformam o mais santo dos ingénuos num manipulador compulsivo.
Por outras palavras, os anarquistas vêem as pessoas como boas, e os sistemas de controlo como prejudiciais, enquanto que os ideólogos argumentam o contrário, que os seres humanos são maus e os sistemas de controlo utéis para modificar a sua natureza para boa, desde que ELES o controlem (se outros o controlarem, esse sistema já é nocivo, é assim que eles aparentam ser anti-autoritários quando fora da cadeira do poder, mas esperem até eles terem um cheirinho dela..). É uma diferença importante que determina a natureza da organização que ascende destas bases. A organização baseada numa perspectiva negativa da natureza humana irá focar-se no poder e no controlo, centralizando estes aspectos em tão poucas pessoas quanto possível -- as pessoas às quais podem ser confiadas com essa responsabilidade de deterem o poder ( o que significa os mais obedientes e endoutrinados), enquanto que a organização baseada numa vista positiva da natureza humana irá tender a erradicar o poder e a eliminar o controlo, descentralizando e redistribuindo este por tantas pessoas quanto seja possível.
A mais perniciosa ameaça do ideólogo é que eles se sentem isentos das suas próprias regras -- mais uma vez, derivado da noção de que eles viram "a luz" e o resto são:
1) idiotas;
2) malignos (por terem virado as costas à "Verdade").
2) malignos (por terem virado as costas à "Verdade").
Assim, nunca se poderá argumentar com eles, pois eles próprios são irracionais. Se tu te opões aos seus objectivos, qualquer que seja a razão, tu é que estás errado, não eles. É por isso é que o elemento natural dos ideólogos é o uso da força, porque eles ao serem dogmáticos e irracionais, o último elemento em que se poderão apoiar legitimamente é a força, que necessita de centralização e hierarquia, o Estado é a última metamorfose desta tese. Em certo sentido, o ideólogo é uma autoritário encapsulado, o que explica o serem tão traiçoeiros. Eles assemelham-se aos anarquistas, pois rejeitam a autoridade que existe quando não fazem parte dela; todavia, eles opõem-se é realmente a não terem eles o poder, ao invés de rejeitar a própria autoridade. Quando adquirem um estatuto de autoridade, tornam-se tão despóticos como os que os precederam.
A sua Autoridade está na própria ideologia (a Grande Ideia) à qual podes resistir como puderes. Foi isto que causou com que os Galleanistas (anarquistas italianos seguidores de Luigi Galleani) se empenhassem em várias campanhas de bombas, inclusivé contra o pedestre comum porque para os Galleanistas, quem não percebesse a sua Ideia não era inocente.
A sua Autoridade está na própria ideologia (a Grande Ideia) à qual podes resistir como puderes. Foi isto que causou com que os Galleanistas (anarquistas italianos seguidores de Luigi Galleani) se empenhassem em várias campanhas de bombas, inclusivé contra o pedestre comum porque para os Galleanistas, quem não percebesse a sua Ideia não era inocente.
V. A verdade é: não há verdade!
Isto poderá parecer um paradoxo, mas o que é certo é que os anarquistas defendem que a Verdade tende a pertencer ao grupo dos poderosos e influentes, isto é, que os poderosos defendem que o seu ponto de vista é válido e merda para ti se pensas ou afirmas que não é.
Não há nada mais ideológico do que candidatos à Verdade Final, e os anarquistas não devem pertencer a esses grupos. O ponto de vista oposto, é de que a única verdade que pode prevalecer é a de não haver verdade, pois não existe uma verdade exterior para a apreendermos, apenas há o que nos faz sentido e o que não nos faz sentido. A realidade existe (embora alguns filósofos também o debatam) , a realidade é objectiva, enquanto que a verdade é inteiramente subjectiva. Se pegares numa pedra e a largares, ela cairá. Isso é porque a gravidade é uma força objectiva e isso é um aspecto do que é realmente a realidade. A verdade deriva da realidade, não o contrário. A subjectividade da verdade é algo com que as autoridades estão muito preocupadas, pois é um conceito revolucionário porque se a verdade é subjectiva, então a rede de cadeias da nossa sociedade colapsa e a lei, a religião, o Estado, todos implodirão se nos apercebermos de que o que alguns alegam ser a Verdade são, na realidade, apoiadas pela força. Onde o poder está envolvido, o que é considerado como Verdade acaba por ser, na realidade, mentiras forjadas misturadas com superstição. Os anarquistas defendem que a Verdade é subjectiva, ou, aliás, deveriam defender, pois é a base da sua rejeição por dogmas e manifestos. Nenhum anarquista deverá aclamar o manifesto final que se aplique a todos os seres humanos e suas interacções, apesar de haver alguns que o tentem. A liberdade de pensamento é a única metedologia em que nos poderemos basear, na ausência de uma Verdade externa,isto é, pensares e avaliares por ti próprio o que é e o que não é, em vez de decidires que alguém defina o mundo por ti. E o meio deste método é a razão, não a força. Os autoritários apegam-se a um ideal objectivo (a Verdade), a qual só eles podem ver, é claro. E o teu papel neste processo é obedeceres à sua Verdade ou seres penalizado por não o fazeres. Assim, o "apologista-da-liberdade" capitalista coloca um cartaz de "Intrusos serão atingidos" na "sua" propriedade e dorme calmamente à noite e o cristão temente a Deus queima as bruxas na fogueira enquanto canta "amai o próximo" da Bíblia. Os ideólogos estão sempre a atropelar os seus sublimes valores com as suas constantes atrocidades , e os anarquistas não devem querer nada com eles. Rejeita-los e às suas Verdades!!
Não há nada mais ideológico do que candidatos à Verdade Final, e os anarquistas não devem pertencer a esses grupos. O ponto de vista oposto, é de que a única verdade que pode prevalecer é a de não haver verdade, pois não existe uma verdade exterior para a apreendermos, apenas há o que nos faz sentido e o que não nos faz sentido. A realidade existe (embora alguns filósofos também o debatam) , a realidade é objectiva, enquanto que a verdade é inteiramente subjectiva. Se pegares numa pedra e a largares, ela cairá. Isso é porque a gravidade é uma força objectiva e isso é um aspecto do que é realmente a realidade. A verdade deriva da realidade, não o contrário. A subjectividade da verdade é algo com que as autoridades estão muito preocupadas, pois é um conceito revolucionário porque se a verdade é subjectiva, então a rede de cadeias da nossa sociedade colapsa e a lei, a religião, o Estado, todos implodirão se nos apercebermos de que o que alguns alegam ser a Verdade são, na realidade, apoiadas pela força. Onde o poder está envolvido, o que é considerado como Verdade acaba por ser, na realidade, mentiras forjadas misturadas com superstição. Os anarquistas defendem que a Verdade é subjectiva, ou, aliás, deveriam defender, pois é a base da sua rejeição por dogmas e manifestos. Nenhum anarquista deverá aclamar o manifesto final que se aplique a todos os seres humanos e suas interacções, apesar de haver alguns que o tentem. A liberdade de pensamento é a única metedologia em que nos poderemos basear, na ausência de uma Verdade externa,isto é, pensares e avaliares por ti próprio o que é e o que não é, em vez de decidires que alguém defina o mundo por ti. E o meio deste método é a razão, não a força. Os autoritários apegam-se a um ideal objectivo (a Verdade), a qual só eles podem ver, é claro. E o teu papel neste processo é obedeceres à sua Verdade ou seres penalizado por não o fazeres. Assim, o "apologista-da-liberdade" capitalista coloca um cartaz de "Intrusos serão atingidos" na "sua" propriedade e dorme calmamente à noite e o cristão temente a Deus queima as bruxas na fogueira enquanto canta "amai o próximo" da Bíblia. Os ideólogos estão sempre a atropelar os seus sublimes valores com as suas constantes atrocidades , e os anarquistas não devem querer nada com eles. Rejeita-los e às suas Verdades!!
Continua....
É bom poder ler um blog e aprender algo com ele. Não conhecia as diferenças entre anarquistas. Aguardo a segunda parte.
ResponderEliminarSaudações.
A ideia pareçe boa, mas realmente o método pareçe mais eficaz e socialmente correcto. E voçê qual dos dois é que pratica??
ResponderEliminarAguardo as conclusões da 2ª parte.