quarta-feira, 21 de julho de 2010

Touradas: Associação Animal fez o primeiro ensaio para “o protesto silencioso” nas Caldas da Rainha


Foram apenas três os activistas da associação Animal que se deitaram hoje no chão do Largo Adelino Amaro da Costa, em Lisboa, mesmo em frente à sede do CDS-PP, para encarnarem a pele dos touros na corrida promovida pelo partido, no próximo sábado.
Com farpas nas costas e manchados de forma a parecer sangue, esta foi uma “acção unicamente simbólica” para promover o “protesto silencioso” que terá presença marcada em frente à Praça de Touros das Caldas da Rainha.

“Tauromaquia, o pior de Portugal” e “Tourada em Portugal é a vergonha nacional”, eram as duas frases de ordem que se encontravam nos cartazes do “pequeno motim”. Mas não foram suficientes para moverem nenhum democrata-cristão até à janela da sede.

"Sabemos perfeitamente que neste partido há muitas pessoas aficionadas, é que dizem que é uma questão de tradição. Mas o que acontece é que muitas tradições são correctas e outras devem ser abolidas à medida que as sociedades vão evoluindo. E para nós é vergonhoso como é que um partido político tem o seu nome associado a uma tourada. Não é natural”, disse a presidente da Animal, Rita Silva.

Sobre as afirmações do secretário-geral do CDS-PP, João Almeida, em que garantiu que outros partidos políticos também já promoveram touradas, a activista desvalorizou as declarações e apenas esclareceu que “apenas pode haver autarcas de determinado partido que sejam aficionados. Mas pôr a chancela do partido no espectáculo, isso nunca aconteceu”.

Como esta acção foi apenas para “uma oportunidade fotográfica”, os activistas da Animal irão de “armas e bagagens” para as Caldas da Rainha, protestarem contra o “acto vergonhoso do CDS-PP”, um pouco antes de começar a corrida de touros. “Vamos fazer um protesto silencioso, onde contaremos com cerca de uma centena de activistas, com as mãos pintadas de sangue, que demonstra que o CDS-PP teve as mãos sujas de sangue”, contou Rita Silva.

Quanto a propostas para avançar para a proibição das touradas, a presidente da Animal garante que a associação tem trabalhado no assunto. Porém, “e infelizmente as touradas são sempre um tema fracturante”, disse. “Sempre que se vão propor novas leis de protecção dos animais, chega à parte das touradas e os grupos parlamentares dividem-se. Há deputados que são a favor e outros contra”, acrescentou, Rita Silva, dando a conhecer que um dos deputados “mais favoráveis à causa da Animal” é o centrista João Rebelo. “Antes de marcarmos o protesto, mandei-lhe um e-mail e ele disse-me que não tinha conhecimento da tourada do partido e que repudia totalmente este evento do CDS”, contou.

Embora confesse que gostava de ter a presença de João Rebelo na “manifestação” nas Caldas, Rita Silva não crê que o deputado do CDS-PP se exponha no protesto, “mesmo que todo o grupo parlamentar saiba que ele é contra as touradas”.

Mesmo com todo o aparato da corrida de touros do CDS-PP, visto que a cidade acolhedora do evento está repleta de cartazes e até mesmos os espaços comerciais contém folhetos de propaganda, Rita Silva acredita que os portugueses estão a reagir contra a tradição. “Os gostos pessoais de um partido não podem ser misturados com o que a população quer. E segundo uma sondagem que encomendamos em 2006, se houvesse um referendo, o fim das touradas ganhava. É uma tradição que já não faz sentido existir”, argumentou.

Então o que falta para avançar para um referendo? A presidente da Animal afirmou que “falta os próprios políticos terem vontade política de avançar. Há um ou outro deputado que tem essa vontade mas depois é completamente “castrado” pelos parceiros”. “Se houvesse um grupo parlamentar ou um grupo de deputados que avançasse com uma proposta para a proibição das touradas, seria excelente. Mas temos que ser nós a forçar isso”, acrescentou a activista.
Fonte: Publico

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