Ameaças explícitas de morte ao Presidente da República estão na origem de uma investigação da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da Judiciária e fizeram disparar os níveis de alerta do SIS na vigilância a movimentos extremistas e anárquicos em Portugal, apurou o CM. Em causa está a incitação à violência contra altas figuras do Estado, mas sobretudo dirigida a Cavaco Silva, por parte de elementos do grupo Rede Libertária. O crime foi cometido por divulgação na internet – e, em Setembro último, fez avançar uma equipa da PJ para buscas numa casa em Lisboa.
A operação policial cirúrgica, que deu origem a um processo de que o próprio Chefe de Estado tem conhecimento – e sobre o qual já conversou com o procurador-geral da República (ver caixa) –, teve lugar a 10 de Setembro, quando três inspectores da PJ entraram em casa de um suspeito às 08h00. Os mandados de busca e apreensão foram emitidos pelo DIAP de Lisboa – e a Judiciária passou a pente-fino duas divisões da casa, que fotografou e onde apreendeu literatura de cariz extremista e material informático – computadores, discos externos e DVD cuja análise está a cargo dos peritos da Polícia Judiciária.
Um suspeito, que vive na casa, foi levado para as instalações da PJ e constituído arguido pelos crimes de difamação e incitação à violência contra o Presidente da República. A sua ligação à internet tê-lo-á denunciado como autor de uma mensagem no blogue do grupo Rede Libertária, anarquistas conotados com a extrema-esquerda, em que Cavaco é alvo de ameaças de morte.
A unidade da PJ que investiga o crime mais violento levou o caso a sério, tal como a ‘Secreta’ – que pelo menos desde 2007 vigia este grupo extremista com especial atenção. Nesse ano, recorde-se, 150 jovens ligados ao grupo manifestaram-se nas ruas do Chiado, Lisboa, para travar os festejos do 25 de Abril. Segundo a PSP e o Ministério Público, que levou onze elementos a julgamento, polícias foram agredidos com garrafas, paus e barras de ferro. Dispararam very-lights e preparavam cocktails molotov quando o Corpo de Intervenção avançou.
REDE LIBERTÁRIA ATACA PSP E TEM APOIOS ESTRANGEIROS
Quando se manifestaram a 25 de Abril de 2007, em 'provocação' à própria polícia, os elementos do grupo radical exibiram tácticas e técnicas 'hostis, raramente vistas em Portugal', que encaixam em manuais de 'acção directa' – utilizada por grupos extremistas mais violentos noutros países. De resto, a presença de elementos estrangeiros em Portugal, em apoio aos extremistas lusos, foi detectada. A Rede Libertária, que conta nas suas fileiras com cadastrados por crimes diversos, ganhou notoriedade nas críticas ferozes à polícia – 'uma ferramenta do Estado e do capitalismo' que, segundo eles, 'julgou e executou Kuku, Angoi, Tony, Tete, Corvo, PTB, etc'. Quando Kuku foi morto numa perseguição da PSP, na Amadora, manifestaram-se ao lado da família e amigos.
PINTO MONTEIRO JÁ FALOU DO CASO AO PRESIDENTE
A divulgação de ameaças ao Presidente pela internet chegou ao conhecimento da unidade de elite da PJ, que rapidamente accionou mecanismos para localizar o autor das mesmas – tal como o SIS, em vigilância permanente a fenómenos extremistas, acedeu à informação. A preocupação com o caso estendeu-se ao Corpo de Segurança Pessoal da PSP, encarregue da protecção a Cavaco Silva, e à própria Presidência da República. Ao que o CM apurou, o Chefe de Estado foi posto ao corrente da situação e já discutiu o caso com Pinto Monteiro, procurador-geral da República. Contactada ontem pelo CM, fonte oficial da Presidência da República não quis comentar o caso.
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