sexta-feira, 30 de abril de 2010

"Sementes de Resistência no Abril de todos os dias"

[Em Lisboa, anarquistas protestam na data do golpe de estado do 25 de abril de 1974, que ficou conhecido para sempre como a "Revolução dos Cravos"; na véspera a polícia coagiu um festival contracultural de grupos punks e anarcopunks; ao mesmo tempo a imprensa portuguesa divulgava um documento com registros das atividades políticas de alguns anarquistas daquele país.]

"Não esquecemos não perdoamos". Foi sob este lema que individualidades e grupos diversificados de anarquistas e anti-autoritários portugueses prepararam a resposta "contra o terrorismo de Estado" num "25 de abril com nada a celebrar". E por isso ocuparam as ruas da baixa lisboeta no final da tarde do dia 25 de abril, "sem medo e sem lei", porque "a democracia é repressão e autoridade", afirmando, à plenos pulmões, que "não queremos um Estado militarista que, recorrendo ao poder nos abafa e força-nos a viver uma vida que não queremos, que nos impede de fazer o que queremos”.

Nos comunicados distribuídos à população intitulado “Chamada Anarquista - apelo à solidariedade com os que sofreram a repressão do Estado e à resistência”, podia se ler “não esquecemos não perdoamos" e “em solidariedade com todos os que lutam pela destruição do Estado, fonte primária de todo o terrorismo. Continuamos na rua... Sem medo nem lei!".

Já no fundo da Rua do Carmo/Rossio - local onde há três anos uma manifestação anti-autoritária e anti-capitalista foi alvo de intensa repressão, com a prisão de 11 manifestantes, a correr julgamento atualmente no Tribunal - partiram, ao som dos batuques, numa passeata pela baixa lisboeta que terminou, simbolicamente, na antiga Praça do Império, local atualmente freqüentado por muitos imigrantes e que constitui essa amálgama de povos que sonhamos ser, cidadãos do mundo já hoje.

Repressão ao festival "Imune Fest”

Mas, se desta vez a repressão do Estado não atingiu o grau de violência e brutalidade policial de 2007, não deixou de se verificar de forma insidiosa a sua presença nefasta, exercendo coação sobre uma associação popular com o intuito de impedir a realização do festival "Imune Fest", que foi cancelado em Lisboa por pressão da polícia exatamente na véspera do 25 de abril.

O festival "Imune Fest" surgiu porque, segundo um comunicado distribuído, "somos imunes à opressão, imunes à apatia, imunes ao vosso controle da música", contando com a participação das bandas: Kostranostra (Anarcopunk de Valência), Gatos Pingados (Punk Hardcore de Almada), The Skrotes (Skate Punk de Lisboa), Massey Ferguson (Crust de Beja), Steven Seagal (Hardcore Oldschool de Lisboa), Ventas de Exterco (Punk Hardcore de Beja), Pussy Hole Treatment (Punk Trasher de Lisboa), Desobediência Geral (Anarcopunk de Lisboa).

Na sexta-feira, dia 23 - um dia antes do festival - os organizadores foram informados pela Associação Boa União, local acordado para o concerto, que este não se realizaria ali, fazendo exigências despropositadas como alternativa, porque a polícia tinha ido lá e lhes tinha dito que não era aconselhável realizar naquele lugar o concerto porque "é coisa de anarquistas" e que eles "são piores que os nazis e integrantes dos “no name boys” e poderiam causar distúrbios". No final o concerto acabou por realizar-se na Ocupa Kylacancra, às 17h, em Palmela, Setúbal, com as bandas já anunciadas, disponibilizando-se, solidariamente, transporte para o novo local, menos acessível.

Texto distribuído durante o concerto na Ocupa Kylakancra:

Todos temos os nossos objetivos. Seja viver uma vida pacífica com um dia a dia estável, seja contestar os valores da nossa sociedade com vista a empurrar o nosso mundo numa direção mais positiva e justa.

Para todos vós as nossas existências estão ameaçadas. A vida como a conhecemos só tende a piorar. O Tratado de Lisboa permite o uso da pena de morte na Europa contra atos daqueles que se preocupam com um futuro melhor, uma polícia global foi criada a revelia do público com o objetivo de, sem responder às leis que votamos, estrangular as vozes de quem não se vê satisfeito com o estado da nossa sociedade.

Agora no dia 24 de abril de 2010, 36 anos depois do 25 de abril, a polícia impede a concretização de um concerto organizado pelos jovens que constituem o futuro do nosso planeta. De uma forma intransigente cancelam uma organização independente, sem fins lucrativos com o objetivo de promover a cultura e a interação de todos nós.

36 anos depois de se celebrar a liberdade de expressão e o fim da ditadura calam as nossas vozes com argumentos político-ideológicos. Aquilo que é o mais básico da dita liberdade de expressão é o argumento utilizado pelas forças do Estado para nos impedirem de vivermos a nossa vida.

Não queremos um Estado militarista que, recorrendo ao poder, nos abafa e força-nos a viver uma vida que não queremos, que nos impede de fazer o que queremos.

Que o 25 de abril de 2010 não seja mais uma celebração dos anos passados mas sim uma ponte para um mundo mais justo, feitos para as pessoas e não para os interesses egoístas dum governo corrupto e distante do povo.

Porque por mais que tentem somos ainda imunes ao dinheiro que gere este planeta, somos imunes ao vosso egocentrismo, somos imunes ao vosso ódio.

Polícia registra as atividades políticas dos anarquistas portugueses

O relatório da polícia sobre a manifestação em 25 de abril em 2007 confirma que as forças da ordem têm registro das atividades políticas dos anarquistas portugueses, mesmo daqueles que não são arrolados no processo. A seguir matéria divulgada pelo Jornal de Notícias, intitulada “PSP relata "cadastro" político de não argüidos em processo”.

Relatório policial identifica 30 pessoas estranhas a inquérito sobre manifestação do 25 de abril de 2007.

Estes indivíduos não são argüidos nem foram identificados no inquérito criminal da manifestação do 25 de abril de 2007, mas aparecem identificados no respectivo processo, por alegadas ligações, na maioria dos casos, a movimentos anarquistas, de extrema-esquerda e ecologistas, que as autoridades associam àquela manifestação.

A maior parte das informações que a PSP (Polícia de Segurança Pública) juntou sobre aqueles cidadãos não tem relevância criminal; outras foram retiradas de processos-crime, em grande medida, sobre (outras) manifestações não autorizadas e ações "Okupa" - ocupação de casas devolutas.

"Parece ter havido uma falha na preparação do relatório, porque deveria ter sido omitida a identidade das pessoas não constituídas argüidas no processo", comenta Paulo Henriques, da Faculdade de Direito de Coimbra.

O relatório da PSP, de 29 de novembro de 2007 e assinado pelo então comandante metropolitano de Lisboa, Guedes da Silva, foi requerido por uma procuradora do DIAP de Lisboa, em 2007, após os confrontos, na zona do Chiado, entre o Corpo de Intervenção da PSP e participantes na "Manifestação antiautoritária contra o fascismo - contra o capitalismo".

A magistrada pediu informações sobre a "integração" dos 11 argüidos (um já falecido) do inquérito" em movimentos ou grupos tais como os citados no auto de notícia" - anarquistas e de extrema-esquerda - e registro de ações violentas e ilegais destes grupos. E juntou ao processo, que já é público, o relatório recebido da PSP.

PSP aponta cartão da JCP

O documento começa por relatar fatos da vida de cinco dos 11 argüidos, sem que nenhum dos imputados - tentativas de furto em supermercados, ruído na via pública... - os ligue àquele tipo de grupos. O único fato "político" ali descrito decorre da integração de uma argüida num grupo que, na tarde de 25 de abril de 2007, atirou ovos e tomates contra um cartaz xenófobo do PNR, no Marquês de Pombal.

Não se ficando pelos argüidos, a PSP começou por identificar seis dos atiradores de ovos. Ao primeiro da lista, imputou o incitamento à realização de seis greves e manifestações, em duas escolas secundárias. Mas sublinhou o ativismo político do jovem de forma mais curiosa: "Em 4 de novembro de 2006, participou o extravio de documentos, entre os quais se encontrava o cartão de militante da Juventude Comunista Portuguesa", apontou a PSP.

Lei proíbe ficheiros políticos

O relatório vai mais longe e identifica 24 pessoas que não têm sequer relação estabelecida com nenhum argüido. Contudo, participaram em ações de caráter político-ideológico: protestos contra cúpulas do G8 e a guerra no Iraque, ações contra os transgênicos, ocupação de imóveis devolutos...

Tome-se o exemplo do cidadão belga J.D.. A PSP não lhe imputa qualquer fato ilegal e muito menos com relevância criminal, mas identifica-o, por ele estar ligado ao grupo ambientalista GAIA, que terá membros comuns ao Verde Eufémia, que, por sua vez, terá destruído milho transgênico em Silves, em 2007. A PSP relatou que J.D. tinha 25 anos, recebeu um fundo da União Européia para colaborar com o GAIA, é licenciado em Ecologia e em Ciências Sociais e Políticas, esteve três dias em Rostock (Alemanha) a manifestar-se contra a cúpula do G8, participa em workshops da Rede G8 em Portugal.

Este é um dos casos que levanta questões sobre como a PSP recolhe e trata dados dos cidadãos, sendo certo que a lei proíbe "o tratamento de dados pessoais referentes a convicções filosóficas ou políticas, filiação partidária ou sindical". O docente Paulo Henriques faz uma declaração de fé: "Quero crer que as atividades de recolha e tratamento de dados que as polícias desenvolvem têm lugar no estrito cumprimento da lei".

O JN questionou a PSP, mas esta não quis fazer "qualquer tipo de comentário". Dos quatro advogados dos argüidos contatados, pronunciou-se Alexandra Ventura, que contestou que a PSP "registre e interligue informações de pessoas que nada têm a ver com o processo".

"A PIDE [polícia política do tempo do fascismo, antes do 25 de abril de 1974] registrava informações das pessoas, mas não as divulgava…", comparou a jurista.

agência de notícias anarquistas-ana
Retirado de: http://contraocapital.blogspot.com

Está tudo dito!!!
Antifa 2635!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Damas de Branco

As autoridades de Cuba impediram ontem, pela terceira vez consecutiva, um desfile nas ruas de Havana das "damas de branco", mulheres e mães de presos políticos cubanos.

Perto de 50 apoiantes do regime cercaram e assobiaram um grupo de seis mulheres que saíram de uma igreja de Havana. Quando se preparavam para iniciar o desfile para reclamar a libertação dos presos, um agente da segurança cubana abordou-as, segundo jornalistas no local.

Segundo o agente, as "damas de branco" não tinham solicitado autorização" para a marcha.

Havana acusa estas mulheres de estarem a ser utilizadas numa campanha dos Estados Unidos e da União Europeia para desestabilizar a revolução cubana, em particular depois da morte a 23 de Fevereiro de um preso político, Orlando Zapata, após uma greve de fome de 85 dias.

Até agora, os desfiles aos domingos das "damas de branco" eram tolerados, mas a situação mudou depois das manifestações de Março para assinalar o sétimo aniversário da detenção dos seus familiares. O governo passou a exigir uma autorização.

Entre 18 e 20 de Março de 2003, 75 opositores cubanos foram detidos e condenados a penas até 28 anos de prisão. Cinquenta e três destes dissidentes continuam na cadeia.

Fonte: Diário Noticias Online


CONTRA A REPRESSÃO DE ESTADO E AS PRISÕES POLÍTICAS!

ANTIFA SEMPRE!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Marcha Contra o Biotério Central

Dia: 24 de abril

Plataforma de Objecção ao Biotério
Lisboa
, Praça Duque de Saldanha, 14h

Mais informação:
http://reactmovement.blogspot.com/2010/04/marcha-contra-o-bioterio-central-24-de.html

Salvaterra Contra a Discriminação!

A Câmara de Salvaterra aprovou um regulamento que não discrimina a nacionalidade dos candidatos à habitação social no concelho.

Na sequência da denúncia feita pelo Bloco de Esquerda acerca da discriminação de cidadãos imigrantes no acesso à habitação social em Famalicão, o presidente desta autarquia procurou desviar as atenções, acusando a Câmara de Salvaterra de Magos de ter um regulamento aprovado há várias décadas, decorrente da lei de 1976 em vigor.

"A presidente da CM de Salvaterra de Magos, confrontada com a questão, teve uma atitude diametralmente oposta à do seu colega de Famalicão", afirma a Comissão Nacional Autárquica do Bloco em nota divulgada à imprensa.

É que ao contrário de Armindo Costa, eleito pela coligação PSD/CDS em Famalicão, Ana Cristina Ribeiro "manifestou de imediato discordância quanto à exigência de que só se poderiam candidatar à habitação social cidadãos portugueses e, mesmo antes de confirmar junto dos respectivos serviços sobre o conteúdo do texto, declarou que a haver uma eventual menção discriminatória só poderia ser por lapso e que, nesse caso, seria de imediato corrigida".

Na reunião ocorrida esta quarta-feira, o executivo de Salvaterra aprovou um regulamento para a habitação social sem a menção à nacionalidade dos candidatos. Os anteriores regulamentos, aprovados antes dos mandatos das listas do Bloco, já não estavam em vigor. Pelo contrário, a autarquia de Famalicão vai manter a norma discriminatória para os concursos que decorrem, apesar das queixas serem públicas.

O novo regulamento para atribuição de casas em Salvaterra foi aprovado a 17 de Fevereiro, tendo cumprido o período de discussão pública antes de ser agora aprovado na versão final.

O deputado bloquista Pedro Soares já manifestou ao secretário de Estado da Administração Local a sua preocupação com a aplicação de regulamentos semelhantes e José Junqueiro prometeu "intervir", por considerar "a situação inadmissível", diz o jornal Público.
Fonte: esquerda.net

Sendo nós apartidários é de elogiar uma medida deste tipo, é pena que não saiam com mais regularidade medidas que tornem a sociedade mais justa, e só se fale em PT's e TVI's e PEC's....

ANTIFA!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vila Nova de Segregação....


Casas em Famalicão só vendidas a portugueses

"A Câmara de Famalicão está a vender habitações a custos controlados nas freguesias de Avidos e de Antas. Mas um dos principais critérios para a apresentação de candidaturas está a criar polémica. É que as casas só podem ser compradas por cidadãos nacionais.

O Bloco de Esquerda (BE) vai participar ao Ministério Público a "inconstitucionalidade" das regras fixadas pela Câmara de Vila Nova de Famalicão para a aquisição de habitações a custos controlados.

Em edital, a Autarquia liderada por Armindo Costa, da coligação PSD/CDS, anunciou a venda de apartamentos, moradias e garagens em loteamentos nas freguesias de Avidos e Antas. A polémica reside no primeiro critério fixado: "Podem candidatar-se à atribuição dos apartamentos e moradias os cidadãos de nacionalidade portuguesa, maiores, que não possuam casa própria".

"É uma inconstitucionalidade tão óbvia que tem que ser corrigida de imediato", considera Pedro Soares, deputado do Bloco de Esquerda (BE), eleito pelo distrito de Braga. A acusação de que a Autarquia estaria a desrespeitar a Constituição já foi comunicada a José Junqueiro, secretário de Estado da Administração Local, a quem Pedro Soares solicitou a intervenção do Governo.

"A Câmara não pode criar regulamentos que são xenófobos e que retiram direitos aos cidadãos não portugueses", finalizou o deputado Pedro Soares.

"Nenhuma Câmara está acima da Constituição", diz Mamadou Ba, do SOS Racismo, acrescentando: "É a demonstração de um nacionalismo bacoco que existe, sobretudo, no Poder Local. Não defendemos qualquer tipo de favor para com os imigrantes, mas queremos igualdade de tratamento".

Já a Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, não "custa aceitar que as câmaras dêem preferência aos seus munícipes e aos cidadãos portugueses". "Quem paga os impostos?", questiona Ruas. E continua: "Os deputados falam, mas na Assembleia da República, existe algum deputado que não seja português"?

Moradores apoiam autarquia

Alguns dos moradores que já compraram casa e vivem nos loteamentos em causa "percebem a intenção da Câmara". "Não sou contra a venda das casas apenas a portugueses. Há muitas facilidades que são dadas a imigrantes, e que nós pagamos com os nossos impostos, embora não tenhamos os mesmos benefícios", sustentou Sónia Ribeiro, de 34 anos, e moradora no Loteamento da Quinta do Passal, em Avidos.

A venda de habitações a preços controlados, isto é, abaixo do preço de mercado, só é possível porque a Câmara adquiriu os terrenos e construiu as habitações que agora está a vender a famílias com baixos rendimentos. Contudo, a venda apenas a cidadãos portugueses não é pacífica.

A Autarquia também está a vender casas no loteamento municipal Joaquim Malvar, em Antas. O custo de um apartamento com dois quartos é de 54 mil euros. Uma moradia pode chegar aos 86 mil euros. Apesar de várias tentativas, ninguém da Câmara de Famalicão esteve, ontem, disponível para falar do assunto. Porém, fonte autárquica garantiu que "nunca nenhuma família estrangeira tentou comprar uma casa nos loteamentos camarários". "

In Jornal de Noticias Online

Viva Portugal! Ainda bem que não existem emigrantes portugueses que tentam adquirir casas no estrangeiro....Ridiculo!

ANTIFA!

Areia para os olhos...

Aqui ficam algumas das petas mais populares dos últimos tempos:

1 :: A crise foi criada porque alguns banqueiros foram gananciosos «demais» e enganaram o sistema
A ganância é a base do sistema capitalista, foi a procura de lucros cada vez mais altos que levou a que os especuladores ignorassem os riscos cada vez maiores de colapso do sistema. A crise expôs algumas fraudes, mas ela teria existido mesmo sem ilegalidades.

2 :: A especulação gera investimento e crescimento económico
Os investimentos puramente financeiros só respondem a lucros, ignorando os bens produzidos. Isto pressiona as empresas a uma gestão orientada para o lucro de curto prazo e para um desrespeito cada vez maior pelo papel social da empresa, pelos direitos dos trabalhadores e pelas práticas ambientalmente sustentáveis. Estes fundos levam os mercados a subidas vertiginosas, criando as chamadas «bolhas especulativas». Ao mínimo sinal de crise, os fundos retiram-se e a economia real é arrastada pelo repentino bloqueio dos financiamentos. A especulação financeira é injusta para todos os agentes da economia real e aumenta muito a instabilidade do sistema.

3 :: A irresponsabilidade dos consumidores e o seu endividamento exagerado provocou a crise.
Todos vemos diariamente anúncios a tentar «impingir-nos» créditos. O sistema financeiro tem vindo a lucrar com o endividamento das famílias, que não têm outra forma de fazer face às suas necessidades numa altura em que os salários são baixos e o emprego é cada vez mais precário.

3 :: A crise e a escassez de fundos obriga o Governo a privatizar serviços básicos como a saúde, segurança social e educação.
O dinheiro dos contribuintes que tem sido usado para salvar bancos pode, e deve, servir para assegurar que estes serviços permanecem abertos e acessíveis a todos, protegendo as pessoas com mais necessidades, que são as mais afectadas pelas crises. A privatização dos serviços de que todos precisamos só serve para gerar lucros garantidos a grandes empresas. E se estas falham, é de novo o Estado que vem assumir os seus prejuízos e garantir que os serviços não desaparecem…

5 :: O dinheiro público deve ser usado para salvar todo e qualquer banco, independentemente da sua dimensão e do tipo de negócios em que se envolve.
Os bancos são peças importantes do sistema económico e a sua falência pode ter consequências graves, mas isso só mostra que as suas actividades devem ser fortemente controladas. Não é verdade que a falência de qualquer banco leve à derrocada de todo o sistema, nem que o Estado deva salvar bancos que gerem investimentos de base fortemente especulativa. Por outro lado, nos casos em que seja mesmo indispensável um apoio do Estado, este deve impor condições que garantam que os bancos dirigem a sua actividade para o apoio às empresas, em dificuldades por causa da crise que eles próprios criaram.

6 :: É impossível controlar ou taxar os capitais financeiros.
O controlo dos movimentos de capitais permite estabilizar os mercados, evitar bolhas especulativas e voltar a direccionar os investimentos para empresas reais, que produzam qualquer coisa, em vez de meros investimentos de curto prazo baseados em cotações de bolsa. Além disso, os mercados de capitais podem ser sujeitos a regulamentações que promovam a transparência e a legalidade das operações, nomeadamente o fecho dos paraísos fiscais e o levantamento do sigilo bancário.

7 :: É impossível controlar ou taxar os capitais financeiros.
O controlo dos movimentos de capitais permite estabilizar os mercados, evitar bolhas especulativas e voltar a direccionar os investimentos para empresas reais, que produzam qualquer coisa, em vez de meros investimentos de curto prazo baseados em cotações de bolsa. Além disso, os mercados de capitais podem ser sujeitos a regulamentações que promovam a transparência e a legalidade das operações, nomeadamente o fecho dos paraísos fiscais e o levantamento do sigilo bancário.

8 :: Um mercado de trabalho «flexível”», com salários baixos e sem segurança para os trabalhadores é mais eficiente
Ao que os empresários chamam flexibilidade nós chamamos precariedade: contratos de trabalho temporários ou inexistentes, salários reduzidos e cada vez maior facilidade no despedimento de trabalhadores. Pessoas exploradas e com a vida a prazo nunca terão o empenho e a ligação ao seu trabalho que produz a verdadeira eficiência. Não podem investir na sua formação, nem desenvolver outros aspectos da vida importantes como a vida familiar ou cívica. Ter trabalhadores formados, integrados em equipas que desenvolvem projectos comuns ao longo do tempo e com salários dignos é a forma mais eficiente (e correcta) de uma economia crescer.

9 :: Os/as migrantes são culpados pelo desemprego e baixos salários
O problema da economia portuguesa é muito mais profundo do que a proveniência dos trabalhadores. Uma economia saudável encaixa os que chegam, porque também participam nela, consomem, produzem, pagam impostos e contribuem para a sustentabilidade da Segurança Social. Quanto maior for a igualdade, mais positiva é a sua participação.
Por outro lado, tem acontecido que os imigrantes ocupam os lugares que os portugueses não procuram.
A troca de produtos alimentares em bolsa favorece os pequenos produtores e disponibilidade de alimentos para toda a população mundial.
A especulação sobre produtos alimentares como o trigo ou a soja leva à quebra dos seus preços a níveis inferiores aos custos de produção, retirando pequenos e médios produtores do mercado e promovendo monopólios que, em seguida, inflacionam os preços dificultando o acesso dos consumidores.

10 :: Os transgénicos vão acabar com a crise alimentar e a fome.
A fome no mundo tem como causa a má distribuição e o desperdício dos alimentos. Há cinco multinacionais que exercem um controlo cada vez maior sobre o sistema alimentar global através de um regime de patentes sobre a vida e as sementes transgénicas, com consequências imprevisíveis para a biodiversidade e a saúde humana. Por outro lado, têm exercido pressões políticas e manipulações financeiras que contribuem para a fusão dos mercados da energia e dos alimentos, promovendo a utilização de agrocombustíveis. Os cereais são progressivamente utilizados para alimentar automóveis ao invés de pessoas, agravando os problemas da fome.

Rede «Que Alternativas?»

fonte: http://ptattac.wordpress.com/

O estado a que chegámos...

por Sandra Monteiro (in Le Monde Diplomatique)

«Não foi para isto que se fez o 25 de Abril», afirmou recentemente o ministro da Justiça, Alberto Martins, a propósito das fugas de informação que violam o segredo de justiça [1] . Mas a frase repete-se por aí, dos desabafos entre estranhos nos transportes colectivos às conversas mais ou menos privadas que unem as pessoas para quem a mais forte memória, vivida ou transmitida, de um tempo em que como comunidade nos empenhámos na construção de um futuro de liberdade e justiça social foi, justamente, o 25 de Abril.

O sufoco que se instalou na vida de todos os dias e o aparente bloqueio de qualquer alternativa que possa visar o bem-estar colectivo contrapõe-se hoje à sensação, naquele período experimentada, de abertura de um campo de possibilidades e de expectativas em relação a um futuro que só se imaginava melhor.

Numa primeira fase da crise, parece que estivemos concentrados nas suas dimensões mais sectoriais (justiça, bancos, emprego, educação, saúde, etc.), mas à medida que o tempo vai passando vamos ligando as pontas dos fios que unem os sectores e torna-se patente que existe um problema de fundo, estrutural.

O resultado é que, em 2010, vamos comemorar o Dia da Liberdade em más condições socioeconómicas para nos constituirmos como sujeitos livres. Vamos comemorar o Dia do Trabalhador como desempregados, precários ou trabalhadores em perigo constante de perda de direitos. Vamos comemorar o Centenário da República num quadro de erosão dos valores republicanos que deviam estar associados ao conceito e ao cuidado da «coisa pública». Vamos comemorar o Ano Internacional da Biodiversidade sem verdadeiras medidas globais para assegurar a sustentabilidade ambiental dos ecossistemas.

E vamos comemorar o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social numa Europa que se recusa a olhar para as conexões sistémicas entre as vantagens do seu centro e o desastre das suas periferias [2] e que, em vez disso, procura impor aos governos dos países em dificuldades, com a ajuda de agências de notação, a adopção de programas de austeridade assimétricos e socialmente injustos. Programas que protegem o capital financeiro e os sectores mais responsáveis pela actual crise e, numa ironia macabra, diminuem ou retiram até, justamente aos pobres e excluídos, os mecanismos que ainda subsistem de protecção social.

O caso de Portugal é, a este título, paradigmático. No país com maior desigualdade de rendimentos da União Europeia e com níveis assombrosos de pobreza, e até de pobreza laboral, o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) optou por combater o défice reduzindo cegamente os apoios sociais. O sociólogo Pedro Adão e Silva já classificou essa solução como «ideologicamente errada e politicamente preguiçosa», clarificando a escolha de fundo que estava em causa na elaboração do documento: «garantir a sustentabilidade de direitos ou, tomando o PEC à letra, fazer regressar a rede de mínimos sociais à lógica discricionária do passado» [3]. O economista José Reis, por seu lado, afirma que «o PEC português tem opções controversas, orientações desequilibradas e consequências injustas e assimétricas», motivo mais do que suficiente para se intensificar o debate sobre as medidas que prevê (ver artigo nesta edição).

A «solução preguiçosa» é, de facto, preocupante. Porque não se trata de uma «preguiça» indolente, que possamos associar a inacção, mas antes de uma preguiça activa, que faz lembrar a semântica bíblica que a considera um pecado capital (como oposição directa ao amor a Deus). No contexto do PEC, e face a um desemprego galopante, essa «preguiça» sinaliza mesmo uma falha, senão mortal, decerto moral: é uma má escolha e reifica uma oposição directa ao contrato social em que as democracias fundaram a legitimidade da representação popular e para cujo funcionamento criaram as instituições democráticas que conhecemos.

Não é só uma cedência ao facilitismo; é a proposta (que alguns saudaram como «corajosa») de que se quebre o consenso em torno do Estado social e da finalidade, partilhada pela comunidade política em que nos revemos, de gerar bem-estar para todos, de forma digna, inclusiva e sustentável. Mas a gravidade deste programa − que na verdade não foi directamente sufragado e está até em contradição com o que venceu as eleições − só pode ser apreendida se juntarmos, às medidas que reconfiguram direitos e prestações sociais, as que enveredam por uma plano de privatizações que, a médio prazo, privam os poderes públicos de meios indispensáveis para, justamente, poderem sustentar a provisão de serviços públicos e prestações sociais.

A tragédia é conhecida, pois a receita liberal há muito que vem sendo experimentada: as contas públicas acabam por perder as fontes de receitas das empresas que eram lucrativas; o Estado assume parte dos riscos que os privados se recusam a incorporar; a gestão privada contraria qualquer ilusão que pudesse existir de maior eficiência ou qualidade e, em troca, os cidadãos vêem-se confrontados com serviços mais caros e, frequentemente, de pior qualidade; por fim, fora de qualquer lógica de inclusão social e coesão territorial, que só as políticas públicas podem garantir, são progressivamente eliminados da actividade privada os segmentos não lucrativos que o orçamento de Estado não cubra.

O estado a que chegámos é, de facto, uma encruzilhada. Convoca a comunidade política que somos a regressar à discussão das finalidades que nos unem e a fazer a escolha, que não é nova, entre lógicas públicas de defesa de interesses comuns, que se apropriem do Estado, mas sem o considerarem a única esfera da organização e da participação dos cidadãos, e lógicas de interesses privados, que nos atomizam cada vez mais em estratégias individuais de competição, e em resultado das quais os que se saem sempre bem são os que já partiram com múltiplas vantagens para a contenda (mesmo que as narrativas se apressem a glorificar a excepção, o self-made man).

Os portugueses que foram obrigados pela crise a cancelar seguros de saúde, por exemplo, e que agora lêem nos jornais as desvantagens dos novos produtos alternativos que o mercado lhes propõe («cartões de desconto»), não devem estar longe de se juntar, entre outros, aos desiludidos dos fundos de pensões, ou aos trabalhadores precários atirados para o desemprego, numa mais clara compreensão da importância de defender a sustentabilidade dos serviços públicos e das prestações sociais. Raras vezes chegamos a encruzilhadas tão decisivas… A que estado queremos chegar?

sexta-feira 9 de Abril de 2010

Notas
[1] «O Estado de Direito não é isto», Expresso, 2 de Abril de 2010.

[2] Ver Costas Lapavitsas, Nuno Teles e Eugénia Pires, «O euro e a política da estagnação: uma tragédia que não é só grega», Público, 28 de Março de 2010.

[3] «A solução preguiçosa», Diário Económico, 23 de Março de 2010.

Sobre o Anarquismo em Portugal

Ao contrário da Espanha (ou da Grécia), o pensamento e as práticas anarquistas não parecem ter deixado em Portugal um lastro profundo. Expressões disso mesmo podemos encontrá-las no facto de a sociedade portuguesa continuar a ser na Europa aquela onde existem as maiores discrepâncias sociais ou no facto, até, de a figura do cidadão não se encontrar instituída nas formas de tratamento, mantendo-se hoje, na democracia formal, as que se institucionalizaram durante a ditadura salazarista, no velho «país dos dótores» que José Cardoso Pires satirizou com verve nos anos 60.

Parece de facto estranho que um movimento político e social que se mostrou tão pujante entre finais do século XIX e os finais da década de 1920, e que constituiu sem dúvida a mais importante corrente revolucionária do movimento operário em Portugal, tenha por assim dizer desaparecido após os anos 30, não se tendo transmitido de forma muito expressiva o seu património filosófico e a sua memória política e social às gerações que actuaram durante os longos anos da ditadura. (Sendo aliás a extraordinária capacidade de duração do Estado Novo um outro elemento porventura revelador da não transmissibilidade do anarquismo nas condições portuguesas.)

Em Portugal, o movimento anarquista foi suplantado no terreno da oposição, a partir dos anos 30, pelo Partido Comunista, criado em 1921 como uma cisão que aliás teve origem nas fileiras do operariado libertário. Essa suplantação ficou a dever-se a várias circunstâncias, a mais importante das quais terá sido o enorme entusiasmo que a Revolução Russa de 1917 despertou também em Portugal e a concomitante «superioridade política» com que esse acontecimento surgiu aos olhos de uma parte dos militantes em luta, tendo em conta que a Revolução Russa apareceu como uma revolução proletária vitoriosa e que em Portugal só ao fim de alguns anos se começaram a ter informações sobre a sua realidade política, ou seja, sobre a concentração do poder nas mãos do partido bolchevique (contrariando o lema libertário «todo o poder aos sovietes») ou sobre a implacável perseguição que esse poder passou a mover à autonomia operária em geral e aos anarquistas em particular.

Nas condições de clandestinidade impostas a qualquer actividade de oposição pelo Estado Novo, a organização que veio a encontrar-se em relativamente melhores condições de subsistir e progredir foi o PCP, devido à sua própria estruturação hierarquizada e de tipo conspirativo e ao facto de poder contar com o apoio de uma importante retaguarda, a URSS. Os anarquistas, além de terem sido grandemente dizimados nos afrontamentos finais do período da I República e do advento do fascismo, não dispunham de uma retaguarda de apoio; e, por outro lado, as suas formas organizativas, de carácter horizontal, não se adequavam às condições da clandestinidade.

Em todo o caso, as organizações anarquistas não puderam manter-se em actividade de modo a transmitirem o seu legado, de forma operacional, às gerações seguintes. E ao mesmo tempo o PCP foi adquirindo um grande ascendente ideológico, com base na sedução exercida pela URSS e nas lutas empreendidas na clandestinidade, o que o levou a tornar-se hegemónico na oposição ao regime fascista, resultando dessa hegemonia, do ponto de vista teórico e da influência ideológica por ele exercida, o quase apagamento da história do anarquismo em Portugal e das perspectivas de uma revolução de características anti-autoritárias assente na autogestão, ou seja, num poder exercido directamente pelos trabalhadores através da expropriação dos capitalistas.

Alguns anarquistas continuaram sem dúvida a tentar levar a cabo diversas acções contra o regime fascista, quer em Portugal quer no estrangeiro, onde muitos deles se exilaram. Dos que actuaram no estrangeiro, é de sublinhar o caso de Edgar Rodrigues, sem dúvida ainda hoje o mais activo historiador do anarquismo português, que no Brasil publicou vários livros de denúncia da ditadura salazarista, um dos quais, A Fome em Portugal (este em parceria com Roberto das Neves), teve bastante repercussão nos anos 60.

Depois do 25 de Abril de 1974, os anarquistas portugueses ressurgiram no terreno público, muitos deles regressados do exílio, abriram sedes, participaram nas lutas sociais e políticas suscitadas pelo golpe de Estado popular, publicaram artigos e livros notáveis. O anarco-sindicalista Emídio Santana, conhecido co-autor do atentado contra Salazar em 1937, foi um dos mais activos. Mas muitos dos militantes libertários eram pessoas já bastante idosas; o contacto com eles foi uma experiência fundamental, quer para o conhecimento directo, em primeira mão, de uma parte essencial da história do movimento operário e anarquista, quer como partilha de uma humanidade rara, de pessoas com uma profunda consciência de classe e que mantinham viva a noção de que a transformação revolucionária deve ter por base a auto-emancipação. Outros, muito mais jovens, ex-refugiados ou exilados como desertores e refractários ao exército colonial, tinham descoberto o anarquismo, em melhores condições de informação, no estrangeiro (inclusive o anarquismo português), sobretudo a partir da grande revolta de Maio de 68.

Mas a verdade é que, apesar da relativa proliferação de grupos e publicações anarquistas após o 25 de Abril, nunca se reconstituiu nenhuma federação libertária com capacidade para intervir a longo prazo na sociedade e com resultados substanciais. Pelo menos até um período recente, o diálogo desses vários grupos afins, susceptível de exprimir um confronto estimulante, revelou-se em geral fraco ou mesmo inexistente, apresentando-se amiúde o anátema mútuo como a única relação possível; repetindo com isso, no fundo, o clima de suspeição sistemática e de concorrência que os grupos de extrema-esquerda levaram à exaustão paranóica e à caricatura nos anos 70.

Tais circunstâncias acabam sempre por ter repercussões doentias, levando os indivíduos e os grupos a assumir características de seitas que se digladiam e a criar formulações e uma linguagem que só podem afastá-los uns dos outros e das próprias realidades circundantes.

Nos últimos anos, no entanto, parece começar a emergir um outro clima, fruto também, possivelmente, das próprias condições que o capitalismo vem forjando no sentido de um aprofundamento do desastre que ele constitui.

Fonte: Le Monde Diplomatique (dia 4 de Fevereiro de 2009)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

25 de Abril - Quem foi Spinola?



No 25 de Abril vamos pintar lisboa com cores antifascistas.

Vão para a rua com bandeiras, t-shirts, façam stencils, autocolantes....etc

Vamos mostrar que Lisboa é ANTIFASCISTA!!!

25 de Abril Acção contra o Terrorismo de Estado


CONCENTRAÇÃO
dia 25 de Abril, pelas 17 horas, no "Triangulo" - fundo da rua do carmo/Rossio

NÃO ESQUECEMOS NÃO PERDOAMOS

Concerto Benefit para a Feira do Livro Anarquista em Setúbal

terça-feira, 20 de abril de 2010

Carta ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

Excelência:
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) assiste na comunicação social à pressão que os bispos portugueses exercem sobre o Governo para que seja concedida tolerância de ponto nos dias previstos da visita de Bento XVI a Portugal, no próximo mês de Maio.
A AAP nada tem contra a visita de dignitários religiosos, sejam de que religião forem, mas não pode aceitar que o carácter laico do Estado português seja posto em causa e, muito menos, que sejam exercidas pressões indevidas sobre os órgãos da soberania.
Acresce que se adensam as suspeitas de encobrimento de crimes de pedofilia por parte do actual pontífice, de ter protegido padres sob investigação e outros cuja condenação transitou em julgado, em várias nações. A própria tentativa judicial de incriminar Bento XVI, por cumplicidade, está a ser estudada por juristas de diversos países.
Os factos, pouco abonatórios para a reputação do pontífice, desaconselhariam a vinda, até cabal esclarecimento do seu comprometimento, para não constranger as entidades que o protocolo obriga a recebê-lo. Dadas as dificuldades financeiras por que o País passa devia também este facto merecer do Vaticano ponderação suficiente para não as agravar.
A Associação Ateísta Portuguesa, certa de que não serão muitos os portugueses que se regozijam com a visita prosélita de Bento XVI e que serão ainda menos os que aceitam os custos que a pompa e a circunstância acarretam, pede a V. Ex.ª que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), através do Núncio Apostólico, solicite o adiamento sine die da viagem prevista, não faltando razões substantivas que o justifiquem.
Desejando que o bom senso impere, a AAP espera que a visita inoportuna não seja um factor de perturbação política e o pretexto para branquear as responsabilidades pessoais deste Papa e o comportamento do Vaticano durante os três últimos pontificados.
Confiando que a CEP possa demover a obstinada intenção de Bento XVI de visitar Portugal, durante o vendaval de escândalos que o compromete,
Apresenta a V. Ex.ª os seus cumprimentos.

Associação Ateísta Portuguesa

http://www.aateistaportuguesa.org/

Ricardo Araújo Pereira e a questão de Deus

Intervenção de Ricardo Araújo Pereira na mesa-redonda «Deus: questão para Crentes e não-Crentes, organizada pela comunidade da Capela do Rato (Lisboa).

1.ª parte: "Para nós, ateus, a morte é um sono sem sonhos e nós continuamos com um mau perder em relação a isso. Não é fácil. E por isso, onde é que eu vou buscar conforto? À Bíblia (não sei se já ouviram falar). Especialmente a um dos meu livros favoritos, que é o do Eclesiastes."

Ricardo Araújo Pereira e a questão de Deus (1) from Pastoral da Cultura on Vimeo.



2.ª parte: "[No livro do Eclesiastes] o tempo e o acaso acontecem a todos por igual. Era uma óptima pessoa – morreu. Era uma péssima pessoa – morreu também. (...) Eu juntei uma enorme fortuna – morri. Eu adquiri imenso conhecimento – morri a seguir. Eu fui muito bom para o meu semelhante – morri. Fui péssimo para o meu semelhante – morri também.” (...) “O trabalho de humorista é fazer as pessoas rirem-se do facto de, por mais maquilhagem que ponham na cara, é àquele estado que vão chegar.”

Ricardo Araújo Pereira e a questão de Deus (2) from Pastoral da Cultura on Vimeo.



3.ª parte e última parte: "O momento em que se perde o filho é o único, acho eu, do qual o riso está completamente ausente. Penso muitas vezes na questão de fazer rir as pessoas que perdem um filho."

Ricardo Araújo Pereira e a questão de Deus (3) from Pastoral da Cultura on Vimeo.



fonte: http://www.snpcultura.org/pcm_ricardo_araujo_pereira.html

segunda-feira, 19 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Acção Contra Call Center em simultâneo nos Mayday Lisboa, Porto e Coimbra


Carreguem no vídeo para o visualizarem em condições


Bom dia, fala a Ana... Bom dia, fala o João... Bom dia, fala o Pedro... Bom dia, fala a Susana... António, Sara, Miguel, Zé, Victor, Marta...

Os Call-Centers estão aí para servir... ou melhor, estão aí para se servir. Para que os patrões das grandes empresas se possam servir das vidas e das pessoas que exploram sob a precariedade mais repressiva. Portugal Telecom, TMN, Vodafone, Optimus, Banco Totta, BPI, BPN, SAPO, Continente, Pingo Doce... mas também no Estado, na CGD, na DGCI, na Segurança Social... só para lembrarmos alguns dos mais conhecidos.

Os seus chefes ou patrões não servem ninguém senão a si próprios. Servem-se do roubo das vidas e das expectativas de uma geração para poder contar todos os segundos de chamadas telefónicas em euros, sempre mais euros. Os capatazes dentro dos Call-Center esperam um dia, quando crescidos, ser grandes, no meio de precários, afinal, eles também são precários... o isolamento e a competição entre pares tem destas coisas, volta pessoas umas contras outras.

Mas os mesmos servem-se sempre. Servem-se da impunidade com que gozam do esforço da maioria. Servem-se da influência e da corrupção que lhes dá ligações ao poder. Servem-se de quase todos, num jogo sempre viciado à partida.

Mas desta vez, demos a volta às regras. Usámos os meios que eles criaram na exploração para passar uma mensagem que vale por todos e por todas. Demos a volta à precariedade falando com quem tem de ser ouvido para lá da máquina, dos segundos, dos euros. Vamos dar a volta à precariedade porque queremos juntar num só grito todas as vozes presas nos telefones dos Call-Centers. No 1º de Maio juntamo-nos num grito de Mayday. Somos muitos mais!

Tributo ao Zeca



Muito boa esta homenagem.

Imortalizado na voz.

Nunca o esqueçamos...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Anarquistas Gregos ocupam TV em Creta

Ontem (dia 14 de Abril) 70 anarquistas ocuparam uma estação de TV em Creta! Entretanto foi ocupado também um jornal e a sede do partido no poder (PASOK) em Heraclion.

Para hoje estão convocadas manifestações para 10 cidades!

Tudo isto são acções em solidariedade com os detidos dos últimos dias.


Fonte: http://contraocapital.blogspot.com/

NBC na Casa da Música - 24 de ABRIL


NBC - CICLO MÚSICA E REVOLUÇÃO - 24 ABRIL 2010 - SALA 2

CONCERTO UNICO E EXCLUSIVO DE NBC & OS FUNKS + Convidados.
ENTRADA 5 EUROS

Sábado, 24 de Abril de 2010
0:00 - 1:00
CASA DA MUSICA

Accção contra a privatização dos CTT


Mais informações em: http://www.attac.pt

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Walt Disney apresenta: Donald o Nazi!

Desenho animado proibido, e talvez o primeiro ANTIFA.


Walt Disney - Banned Donald Duck Nazi Cartoon - The most amazing bloopers are here


ANTIFA!

Máquina de Guerra Americana

São impressionantes... as imagens agora reveladas por um site da Internet que se tem destacado por tornar públicos documentos altamente confidenciais. Neste caso, trata-se de um vídeo registado pelo exército norte-americano. Mostra um ataque sobre civis, que ocorreu há três anos em Bagdade onde se vê dois jornalistas, da agência Reuters, a serem abatidos. Pelo menos doze pessoas morreram no que terá sido uma "confusão" entre câmaras e armas. É o já comum "Shoot First Ask Later"....





ANTIFA!
CONTRA A GUERRA NO IRAQUE!

terça-feira, 6 de abril de 2010

IURD

Uma reportagem sobre a IURD, que mostra a falsidade deste culto e o que eles reaLmente sugam dos seus "seguidores".




ACORDEM OVELHAS!
ANTIFA!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Marcha global pela Marijuana - MGM


O que é a MGM?

A Marcha Global da Marijuana (MGM) é uma iniciativa apartidária, pacifica e sem fins lucrativos, organizada por cidadãos conscientes e informados que consideram ter direito a consumir uma substância que, no seu estado natural, não representa um risco tão grande como as substâncias adulteradas que se obtêm no mercado clandestino.
A MGM insere-se num movimento global que pretende pôr fim à proibição do Cânhamo/Cannabis. Realiza-se sempre no primeiro sábado do mês de Maio, em mais de 200 cidades em todo o mundo.
O objectivo desta marcha é apresentar à sociedade argumentos e propostas de políticas alternativas ao proibicionismo vigente, para que o assunto seja seriamente discutido. A MGM defende que, tendo em conta que vivemos num país democrático e livre, os cidadãos devem ter direito a escolher com base em decisões informadas e responsáveis e desde que não interfiram com a liberdade dos outros.

No Porto:
Dia: 1 de Maio
Praça do Marquês, 15h
http://www.mgmporto.org/wordpress/

Em Lisboa:
Dia: 8 de Maio
Concentração no Jardim Mãe d'Água, 15h
Partida do Largo do Rato, 16h
http://www.mgmlisboa.org/

Canalhas, Corruptos no Brasil por Cidinha Campos

Intervenção de Ricardo Araújo Pereira

(excerto publicado na «Visão», a 24 de Abril de 2008)

Eu não gosto de militares. Não gosto da ética militar, nem da brutalidade, nem daquele fanatismo patriótico que é, com muita frequência, trágico.

E também não gosto do povo. Não gosto da irresponsabilidade da multidão, nem daqueles que parecem ser os dois principais factores de interesse da massa popular: aglomerar-se em torno de acidentes rodoviários e insultar as camionetas que levam os arguidos para o tribunal. Tinha um amigo da UDP (notem que é possível fazer amizade com gente da UDP) que gritava com gosto a palavra de ordem do partido: "UDP, sempre ao lado do povo!" E depois acrescentava, mais baixinho: "Mas nunca no meio dele." O escritor Mário de Carvalho costuma advertir para a necessidade de distinguir o povo do populacho, porque o primeiro é um conceito nobre e até mítico, e o segundo é uma massa infame. O problema é que é difícil encontrar o povo, mas é muito fácil dar de caras com o populacho.

E, no entanto, foram os militares e o povo que fizeram o 25 de Abril. Às vezes dá-se o caso de um casal muito feio ter um filho muito bonito. Parece-me que foi o que aconteceu, embora nem toda a gente esteja convencida da beleza da criança. Para mim, o mais divertido nas comemorações do 25 de Abril têm sido as tentativas para tornar a data "mais consensual". O Dia da Liberdade não reúne consenso, o que me deixa verdadeiramente surpreendido. Percebo que a liberdade não seja consensual, mas do meu ponto de vista ninguém teve razões de queixa: para quem aprecia a liberdade, o 25 de Abril foi agradável; para os que não gostam, foi uma oportunidade para fazerem aquela viagem ao Brasil que tinham andado tanto tempo a adiar. Sempre pensei que a data agradasse a todos.

Na verdade, porém, o 25 de Abril parece agradar a cada vez menos gente. Há autores para quem o Salazarismo não foi um fascismo, e outros para quem o 25 de Abril não foi exactamente uma revolução. O que faz com que, aparentemente, na frase "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais", não haja nada que se aproveite. Nem o 25 de Abril foi 25 de Abril, nem o fascismo foi fascismo.

E por isso, amanhã, numa data que, pelos vistos, não chegou a ocorrer, comemora-se a nossa libertação de um opressor que, ao que me dizem agora, nunca existiu. Até parece mais bonito assim, não parece? Parece. Resumindo e concluindo: 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais.
Fonte:www.emabrilesperancasmil.blogspot.com/

Jantar 'Em Abril Esperanças Mil!'



Mais informações: http://www.emabrilesperancasmil.blogspot.com

sábado, 3 de abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

[Espanha] “Nem deus nem amos!”

[A seguir uma carta do anarquista Julio Reyero, do Sindicato de Transportes da CNT de Madri, sobre o processo movido pelo arcebispo de Toledo, que o acusa de "um crime de incitamento de discriminação" e "em conjunto com um delito de escárnio dos sentimentos religiosos".]

Saúde Companheiros/as!

Chamo-me Julio Reyero e durante alguns anos tenho dado palestras sobre a religião em geral e a Igreja Católica em particular para grupos anarquistas e sindicatos da CNT. Em 27 de junho do ano passado, o Sindicato de Toledo e o grupo anarquista Pétalo contataram comigo para fazer uma conferência intitulada: "Fundamentos, atitudes e comportamentos de uma organização criminosa: a Igreja Católica".

Na véspera da palestra existiu uma certa agitação porque o jornal local "El Dia" pôs a notícia em destaque com opiniões de página inteira sobre o assunto envolvendo opiniões ameaçadoras de partidos políticos e sindicatos do sistema.

Depois de comentar o fato e colocar-me à sua disposição, os companheiros entenderam espontaneamente e em uníssono que calarmo-nos seria o princípio do fim, e continuou-se com o evento programado.

No dia da conversa o jornal voltou a fazer barulho dizendo que era quase um crime o ato programado (em declarações de políticos em funções chamados para a ocasião), enquanto o arcebispo ameaçava com uma ação legal, mas não se pronunciava.

À hora anunciada apareceram dois jornalistas, do mesmo jornal, dizendo com arrogância que vinham para gravar o evento e tirar fotos. Foram informados que se quisessem podiam ficar e ouvir, mas que não tinham permissão para tirar nenhuma foto de mim e, claro, para gravá-lo para posterior envio a criminosos para me agredirem. Recordava-me perfeitamente do engenho explosivo colocado no camarim de Leo Bassi, durante a apresentação da sua peça "A Revelação", da ameaça de bomba na livraria "Margen" de Valladolid, durante a apresentação de um livro contra a Igreja, de Fernando de Orbaneja ou a surra que recebeu, no Círculo de Belas Artes, o autor do livro ‘Cago em Deus’" às mãos do neto de Blas Pinar e outro fascista. Assim, após 5 minutos de exposição abandonaram o auditório, para retornar, no dia seguinte, a falar de nós no seu lixo de jornal reacionário dizendo que "a CNT veta o "El Dia" para gravar e tirar fotos".

O ato correu muito bem, teve bastante assistência, creio que os companheiros ficaram satisfeitos, após uma conversa agradável, despedimo-nos com gosto. Mas, passado pouco mais de um ano, a polícia aparece na sede do Sindicato em Madri, com uma intimação para mim. Nela, "convidam-me" (se recuso a oferta emitem ordem de prisão) para me apresentar em 16 de Novembro nos tribunais de Madri para levar o meu depoimento em relação a uma ação procedente do arcebispado de Toledo, em que me acusa de "um crime de incitamento de discriminação" (subentende-se dos católicos), "em conjunto com um delito de escárnio dos sentimentos religiosos", aparentemente ambos estabelecidos nos termos dos artigos 510,1 e 525 do Código Penal vigente. Por fim, pedem-me 30.000 € (porque você sabe que esta gente não sabe trabalhar, mas pedir...).

Contatei com o SP do Comitê Nacional da CNT, onde me garantiram a assistência judiciária de que dispõem. Além disso, após lerem o documento da ação, me disseram que não vêem nada que impeça que não saiamos airosamente da situação. De momento trata-se só de mim, mas há que estar consciente de que, no mesmo documento, se pede ao juiz de instrução o número de telefone e apartado do correio, dos nossos companheiros de Toledo, para dirigir a acusação também contra eles, como "CNT-FAI".

O problema que enfrentamos, mesmo que saiamos vencedores, é começar a preparar um fundo para o advogado. Como me informaram poderá chegar até cerca de 1.200 euros, que haveria de tentar obter até ao dia da declaração, embora creia que vamos conseguir (eu tenho recebido ofertas de solidariedade e a minha situação pessoal não é ruim).

A partir destes acontecimentos a reflexão leva-me a cuidar das formas (e não do fundo) para evitar tais problemas, embora perceba que todos nós entendemos que de modo algum podemos aceitar o silêncio como conseqüência da ameaça de Estado policial ou judicial. Se alguma coisa nos resta é a palavra, por mais que doa à peste sacerdotal, terrível inimigo da liberdade que buscamos.

Recebam um forte abraço libertário!

Nem deus nem amos!

Julio Reyero

Tradução > Liberdade à Solta
Fonte: indymedia