terça-feira, 23 de novembro de 2010

Veio para a manif? Mostre-me a credencial, por favor!

Apanhei o comboio e parei no Rossio. Café tomado, cigarro e bandeira na mão e estou pronto para gritar ANTI-NATO. Aquele nervoso miudinho de quem tem uma vontade extrema de ver uma mudança e ainda acredita na capacidade do povo na rua.
Dados os primeiros passos pela Avenida da Liberdade surgem as bandeiras do PCP. Um mar vermelho dos cordeiros políticos. Uma desilusão... Mais uma vez o PCP a usufruir da sua forte máquina política e capacidade de organização para fazer da luta contra os senhores da guerra uma manifestação política. Mais uns passos e começo a ver um carro com cartazes em alusão à greve geral e a ser gritado "trabalho sim, guerra não!. Entristece-me este tipo de colagem, é o puro oportunismo político.
Mas, na cauda da manifestação, um grupo independente de anarquistas, anticapitalistas, antifascistas, esquerdistas apartidários, mas no fundo, todos puramente anti-militaristas, ao qual prontamente nos juntámos.
Era este o propósito da manifestação e ali estava representado o pensamento livre de quem não se cola a ideias políticas.
Mas, para espanto de todos, estes não estavam autorizados/credenciados a manifestarem-se e foram enquadrados pela polícia em toda a descida pela Avenida da Liberdade, curioso o nome da avenida dada a sua falta.
E, assim, permaneceu o grupo, posto de parte, guetizado, porque os senhores da manifestação o consideraram perigoso, até ser libertado já no fim da avenida.
O ambiente no grupo era de pura revolta, mas nunca se calou e gritou, tocou, protestou com frases de ordem: ANTI-NATO, ANTI-MILITARISTAS e por força das circunstâncias, obviamente, contra a PSP.
Estes, senhores agentes da autoridade, são os mesmos que dizem que as pessoas têm de se manifestar de cara destapada mas são os primeiros a tapar a cara. E, durante toda a manifestação, fazem registo em vídeo dos manifestantes. Agora, só falta saber porquê?

Foi posta em causa toda a liberdade associativa dos cidadãos, que com consciência independente a todos os partidos e a todas as forças sindicais, resolveram manifestar-se.

Foi claramente o afirmar de que, para nos manifestarmos, temos de ser de determinado partido ou de determinado sindicato.

Não aceito que me seja negado o direito a manifestar porque me falta o cartão da CGTP.

Eu manifesto-me sem credenciação, porque sem credenciação sou livre.



Deixo o excerto da reportagem onde se vêem as declarações dos cordeiros do sistema.

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/noticias-pais/2010/11/manifestacao-anti-nato-decorreu-sem-grandes-incidentes20-11-2010-20200.htm

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