quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Entregue no Parlamento petição contra a construção do Biotério de Azambuja



Um movimento de cidadãos entregou hoje, no Parlamento, uma petição com cinco mil assinaturas contra a construção do Biotério da Azambuja, defendendo que existem alternativas mais credíveis em termos científicos e económicos.
O local, onde serão criados e mantidos animais (como ratos, cães e coelhos) com a finalidade de serem usados como cobaias em experimentação científica, é um projecto da Fundação Champalimaud orçado em 36 milhões de euros, ao qual se associou a Fundação Gulbenkian e a Universidade Nova de Lisboa.
"O Biotério da Azambuja vai perpetuar um modelo científico que a nosso ver é caduco e ultrapassado e que vai prejudicar em grande medida os resultados que se obtiverem", disse o porta-voz da Plataforma de Objecção ao Biotério. Segundo João Pedro Santos, existem cada vez mais evidências científicas de que a experimentação animal pode debilitar grandemente as soluções para as doenças neurológicas.
"Apesar da anatomia e fisiologia das cobaias ser bastante próxima da anatomia e fisiologia humanas, existem distinções subtis que são cruciais no processo científico", explicou, revelando ter informações de que o centro da Azambuja terá uma forte componente comercial de venda de cobaias para outros países.
A Comissão Europeia prepara-se para proibir, a partir de 2012 toda a experimentação animal em cosméticos, um primeiro passo tendo em vista o fim da experimentação animal também na medicina e nas farmacêuticas. "É um centro que terá certamente uma utilização limitada, quer cientificamente, quer temporalmente. Daqui a dez anos a União Europeia vai vetar a utilização de biotérios na Europa", afirmou.
Em substituição do Biotério, a Plataforma propõe a criação de um Centro3R em Portugal, que afirma apresentarem-se actualmente como a alternativa científica "mais credível" aos tradicionais métodos de experimentação animal.
"Realizam alguma experimentação animal a nível muito mais reduzido e fazem a mesma experiência com métodos alternativos. Se chegarem à mesma conclusão passam a usar somente o método alternativo", explicou.

O Biotério da Azambuja terá capacidade para entre 20 a 25 mil gaiolas para animais, vindo a criar entre 80 a 100 novos postos de trabalho. Será apoiado por fundos comunitários no âmbito do programa de acção aprovado pelo Governo para as regiões Oeste e da lezíria e que prevê compensações pela deslocalização da construção do aeroporto na OTA.
Fazer experiências com um animal para provar o grau de toxicidade que uma substância química pode provocar nos seres humanos é uma prática ainda recorrente e que pode levar ao sacrifício de milhões de seres, sejam estes ratos, porcos ou outros. Estima-se que, por ano, 12 milhões de animais são sacrificados para testes de laboratório, na União Europeia.
A agência Lusa contactou a Fundação Champalimaud, mas a instituição não quis prestar quaisquer comentários sobre a questão do Biotério da Azambuja.

Fonte: www.cienciahoje.pt


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